PRISÃO

Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus é condenado à prisão em Bangladesh

Yunus, de 83 anos, é reconhecido por tirar milhões de pessoas da pobreza graças a seu pioneiro banco de microcréditos

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AFP

Publicado em 01/01/2024 às 11:01 | Atualizado em 01/01/2024 às 11:06
Muhammad Yunus foi considerado culpado por infringir leis trabalhistas em Bangladesh - AFP

O prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus foi declarado culpado nesta segunda-feira(1°) de infringir a legislação trabalhista em Bangladesh, informou um promotor à AFP.

"O professor Yunus e três de seus colegas da Grameen Telecom foram declarados culpados em virtude da legislação trabalhista e condenados a seis meses de prisão", declarou Khurshid Alam Khan.

No entanto, os quatro foram imediatamente colocados em liberdade sob fiança enquanto aguardam a apelação. Yunus, de 83 anos, é reconhecido por tirar milhões de pessoas da pobreza graças a seu pioneiro banco de microcréditos, mas a primeira-ministra, Sheikh Hasina, o acusa de "tirar sangue" dos pobres.

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APOIO DE PERSONALIDADES MUNDIAIS

Em agosto, 160 personalidades mundiais, entre elas o ex-presidente americano Barack Obama e o ex-secretário geral da ONU Ban Ki-moon, publicaram uma carta conjunta na qual denunciaram o "contínuo assédio judicial" a Yunus.

Os signatários, entre eles mais de 100 premiados com o Nobel, afirmaram temer por "sua segurança e liberdade".

Hasina, que se apresenta à reeleição nas legislativas deste mês, tem feito duros ataques verbais contra o internacionalmente respeitado prêmio Nobel da Paz 2006, considerado um potencial rival político por sua crescente popularidade.

Os quatro condenados foram acusados de violar leis ao não criarem um fundo de assistência aos funcionários da Grameen Telecom, uma das empresas sociais fundadas por Yunus. Eles negan todas as acusações.

MAIS DE CEM PROCESSOS

Dezenas de pessoas organizaram uma pequena concentração em apoio a Yunus na porta do tribunal. "Me castigaram por um crime que não cometi", disse o prêmio Nobel da Paz a jornalistas. "Se querem chamar isso de justiça, podem fazê-lo", acrescentou.

Yunus enfrenta mais de cem processos separados nos tribunais de Bangladesh por infrações trabalhistas e supostas propinas, ligados às empresas sociais que criou em seu país para gerar empregos e prestar serviços aos pobres.

No mês passado, assegurou a jornalistas que não se beneficiou de nenhuma das mais de 50 empresas que fundou."Não eram para meu benefício pessoal, seja o banco Grameen ou muitas outras organizações", afirmou Yunus.

Outro de seus advogados, Khaja Tanvir, declarou à AFP que o caso "não tem fundamento, é falso e está motivado" politicamente. "O único objetivo do caso é assediá-lo e humilhá-lo perante o mundo", afirmou.

LEITURA DA SENTENÇA

Irene Khan, ex-secretária-geral da Anistia Internacional e atual relatora especial da ONU participou da leitura de sentença nesta segunda-feira. "Um ativista social e prêmio Nobel que trouxe honra e orgulho ao país está sendo perseguido por motivos frívolos", afirmou.

Críticos acusam os tribunais de Bangladesh de endossar as decisões do governo de Hasina, que provavelmente será reeleita na próxima semana em votações boicotadas pela oposição.

A Anistia Internacional acusou seu governo de "instrumentalizar a legislação trabalhista" quando Yunus foi julgado em setembro e pediu o fim imediato de seu "assédio".

Os julgamento contra Yunus são "uma forma de represália política por seu trabalho e sua dissidência", afirmou.


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