Eles são imprescindíveis na luta contra o novo coronavírus. Já foram alvo de disputa judicial e há uma verdadeira corrida de Estados, municípios e do governo federal para tentar comprar o maior número de equipamentos no menor tempo possível. Os respiradores mecânicos viraram peça central no enfrentamento da covid-19. São essenciais para a parcela da população que desenvolve o quadro mais grave da doença. No Recife, uma das capitais com maior número de infectados do Brasil, a meta é colocar em funcionamento 370 respiradores. Pelo menos 40 já estão em atividade. Outros 102 estão à espera de instalação. Em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde informa que já foram comprados 307 respiradores de fornecedores de dentro e de fora do Brasil, somando um investimento de quase R$ 17 milhões. A luta é contra o tempo. Em jogo, mais vidas salvas.
Nem todos os pacientes de covid-19 encaminhados para uma unidade de tratamento intensivo (UTI) vão precisar de respiradores. A estimativa das autoridades de saúde é de que, em média, 5% dos infectados vão desenvolver insuficiência respiratória aguda, o que exigirá que o paciente seja entubado e precise receber assistência ventilatória mecânica.
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O problema é que, com o avanço da doença e a multiplicação dos casos confirmados, a taxa de ocupação desses respiradores já está acima de 75%. “Em 20 dias, nós dobramos a disponibilidade de oferta no Recife. Nós tínhamos 20 respiradores em atividade na UTI do Hospital da Mulher, sendo dez para adultos e dez neonatais. Hoje temos 40 respiradores exclusivos para covid-19. Eles estão distribuídos no Hospital da Mulher e nas salas de estabilização das nossas policlínicas”, afirma o secretário de Saúde da capital, Jailson Correia.
Ele explica que mais 102 equipamentos já foram adquiridos pelo Recife e serão encaminhados para os hospitais de campanha destinados ao tratamento de pacientes da doença. Três dessas unidades, instaladas na extensão da área de policlínicas, já estão funcionando. A quarta, localizada na Rua da Aurora, no Centro do Recife, terá capacidade para 100 leitos de UTI e 60 vagas de enfermaria.
O custo médio de um respirador, de acordo com o secretário, é de R$ 50 mil, embora, nesse momento de super aquecimento do mercado nacional e internacional, os valores podem ser ainda maiores. “Nós conseguimos respiradores na casa dos R$ 21,5 mil até R$ 60 mil. A variação depende dos modelos e das marcas. Já foram empenhados mais de R$ 5 milhões na aquisição desses aparelhos”, informa Jailson Correia. O esforço, segundo ele, é o de estar um passo à frente da doença. “Queremos adquirir mais equipamentos e estar melhor estruturados quando a demanda aumentar.”
A rede estadual de saúde conta hoje com 1.424 respiradores em leitos próprios e contratados. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que, dos 307 respiradores comprados pelo governo estadual, 112 já foram entregues. Outros equipamentos, em torno de 150 respiradores, que já faziam parte da rede, estão em manutenção e serão colocados em funcionamento nos próximos dias, segundo a nota. Desses, 20 estão sendo consertados pelo Senai e 6 pela Fiat, em uma parceria das instituições com o governo do Estado.