Como forma de conter o avanço do novo coronavírus, a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR) começou a distribuir 100 mil máscaras de tecido entre os moradores nesta sexta-feira (23). A cidade contabiliza 282 dos 3.604 casos confirmados e 27 dos 302 óbitos por covid-19 em Pernambuco.
De acordo com a assessoria de imprensa do município, parte dos artefatos vem de uma rede de doadores e outra está sendo produzia por costureiras voluntárias do Espaço Mulher Empreendedora. O material utilizado na confecção também é proveniente de doações de lojas especializadas.
A ação é implantada em um contexto em que há esforço para se fazer cumprir as restrições de distanciamento social - medida que, apesar de preconizada por todas entidades sanitárias, nem sempre é levada a sério pelos cidadãos. O uso dos equipamentos ao sair de casa surge, então, como uma das recomendações do Ministério da Saúde (MS) para a população como forma de prevenção. Nessa quinta-feira (23), o Governo do Estado assinou decreto que reforça o alerta.
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A meta da prefeitura é entregar cinco mil máscaras por dias ruas, equipamentos públicos e filas de bancos e lotéricas. Nesta sexta, por exemplo, as equipes municipais passaram pelo Centro Cultural Miguel Arraes, em Prazeres, e pela praça Nossa Senhora do Rosário, em Jaboatão Centro.
Neste sábado (25), a distribuição vai continuar em Piedade, Jaboatão Centro e Cavaleiro.
A doação é destinada à população geral e a profissionais de serviços essenciais que também ganham cestas básicas: taxistas, comerciantes, motoristas e cobradores de ônibus. As pessoas ainda recebem orientações sobre como utilizar corretamente o produto e sobre o combate à doença. Os servidores informam que é preciso lavar a máscaras antes de usá-las, além de sempre lavar as mãos com sabão e utilizar álcool 70%.
O prefeito Anderson Ferreira comentou que este é o momento de todos se unirem para salvar vidas.
Na segunda-feira (20), o prefeito José Patriota disse em entrevista ao JC que a distribuição seria feita proritariamente para o grupo de risco: "Idosos, pessoas que estão trabalhando na linha de frente, serviços essenciais...", citou. Segundo ele, cada unidade saiu a R$ 1,60, o que totaliza um investimento de R$ 64 mil na ação.
Apesar de não existirem estudos científicos que comprovem a relação entre o uso de máscaras e a prevenção da covid-19, o uso desse acessório pode ter sido valioso em áreas (Hong Kong, Mongólia, Coreia do Sul e Taiwan) que adotaram o uso da peça e conseguiram controlar o número de casos da doença.
No meio médico e sanitário, há controvérsias sobre o uso da máscara. Pessoas sem sintomas respiratórios, como tosse, não precisam usar máscara médica, segundo a a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade recomenda o uso do produto para pessoas com sintomas de covid-19 e para aqueles que cuidam de indivíduos com sintomas, como tosse e febre. O uso de máscaras estaria, então, indicado apenas para os profissionais de saúde e as pessoas que cuidam de alguém (em casa ou em um estabelecimento de saúde). Para a OMS, o essencial é o uso racional de máscaras médicas, a fim de evitar o desperdício desnecessário do equipamento de proteção.
Sobre o assunto, o pneumologista Murilo Guimarães diz que é favorável ao uso das máscaras, inclusive aquelas de confecção caseira, que estão em alta devido à falta do produto no mercado. “Precisamos pensar que a entrada do coronavírus acontece por via respiratória. Infelizmente esqueceram a importância desse tipo de proteção. É bom orientar que as máscaras não oferecem 100% de defesa, não são perfeitas em todos os casos. Mas garantem uma boa proteção. Qualquer tipo vai oferecer, seja cirúrgica ou feita com tecido”, destaca Murilo.
O pneumologista ainda acrescentou que o uso do produto faz diferença tanto para quem está doente quanto para quem não apresenta sintomas respiratórios. “Podemos imaginar uma pessoa que não tem coronavírus. Se ela estiver de máscara junto de alguém que espirrar, não receberá um jato forte do vírus”, frisou Murilo.
Coronaavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.