O governo do Estado vai disponibilizar as instalações do Centro de Convenções e de escolas próximas às agências da Caixa Econômica Federal (CEF) na Região Metropolitana do Recife (RMR) para serem usadas como centro de triagem e orientação sobre o auxílio emergencial pago a trabalhadores informais por causa da crise do coronavírus. Ontem, o governador Paulo Câmara enviou um ofício ao presidente da CEF, Pedro Guimarães, pedindo para que inicie negociações com outros bancos para que o pagamento do auxílio emergencial seja feito também por outras instituições bancárias. A concentração dos pagamentos nas agências da CEF tem provocado muita confusão e aglomeração, que contribui para aumentar a contaminação do covid-19.
O governador também enviou um ofício à Federação Federação Brasileira de Bancos (Febraban) fazendo o mesmo pedido e informando que disponibilizará segurança para que o pagamento do auxílio seja realizado em outras instituições bancárias. “Chegamos a um ponto extremamente crítico. Nosso sistema de saúde está sobrecarregado e não há outra alternativa a não ser reforçarmos de forma vigorosa o distanciamento social”, argumentou Paulo Câmara. Num pronunciamento, o governador pediu, ao Ministério da Saúde, o apoio às medidas que podem aumentar o isolamento social no Grande Recife, que concentra 90% dos casos de covid-19 no Estado.
As 25 agências da CEF “mais problemáticas” receberão medidas de controle a serem realizadas pela Polícia Militar (PM), segundo o secretário estadual de Defesa Social, Antônio de Pádua. Os PMs farão rondas nesses locais para evitar atritos entre as pessoas que estão nas filas e também ver se o distanciamento está sendo cumprido. Ele também sugeriu que as guardas municipais fechem “os arredores dessas agências pra ter mais espaço para acomodar as pessoas” que vão receber o auxílio.
As medidas anunciadas pelo Estado ocorrem depois do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) determinar ao governo estadual e à CEF a adoção de medidas para evitar aglomerações e filas nas agências devido ao saque do auxílio emergencial.
Há cerca de duas semanas vem ocorrendo tumultos e aglomerações nas filas da CEF e das lotéricas. Não foi diferente ontem pela manhã na agência da CEF no Bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife. Mesmo com a presença da guarda municipal, o tumulto começou quando algumas pessoas tentaram furar a fila. Na fila, o jardineiro Manoel Gomes revelou estar com fome e também reclamou do sol quente durante a espera. Um dos primeiros a conseguir receber naquela agência foi o autônomo Felix Ferreira, que esperou 18 horas para fazer o saque.
O eletricista Eli de Oliveira nem contou quantas horas passou esperando pra receber o auxílio. “Foi a maior humilhação que já passei na minha vida”, revelou, se referindo à espera.
Neste sábado (02), as filas grandes também ocorreram ontem nas agências dos bairros de Afogados, Encruzilhada, ambos no Recife; em Piedade, em Jaboatão dos Guararapes; em Rio Doce, em Olinda e em Abreu e Lima.