Conheça a embarcação que servirá como laboratório no Recife

O navio servirá para estudos e pesquisas e ficará ancorado no porto por, pelo menos, cinco anos
Amanda Rainheri
Publicado em 17/11/2020 às 18:50
EMBARCAÇÃO - Laboratório Flutuante UFPE - Ciências do Mar IV atraca no Porto do Recife. Foto: YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM


O cais número 6 do Porto do Recife, no Centro da capital, será, pelos próximos cinco anos, o endereço de uma embarcação dedicada ao ensino e à aprendizagem de estudantes e da população em geral. O Ciências do Mar IV é um navio equipado com instrumentos científicos, de segurança e navegação, fruto de uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC) e poderá ser utilizado por estudantes de universidades de todo o Nordeste que possuem cursos na área de ciências do mar. A ideia também é que a embarcação seja aberta ao público e a estudantes de escolas, para disseminar os conhecimentos adquiridos.

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Com 32 metros de comprimento e calado de 2,7 metros, o navio tem capacidade para oito tripulantes e 18 passageiros, além de autonomia para dez dias de navegação. Na área externa, existe um guincho para coleta de materiais, geralmente onde as pesquisas se iniciam. A embarcação ainda conta com um laboratório úmido, outro seco, um laboratório hidroacústico, 10 camarotes para alojamento de estudantes e professores e uma sala de comando. Além do guincho para lançamentos de redes, o navio possui equipamentos para medir a profundidade do mar, outros que medem corrente marítima e um sonar acústico. Entre estrutura e equipamentos, são R$ 25 milhões em materiais. 

Professor do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alex Costa destaca que estudantes de vários cursos serão beneficiados. "Não apenas os que lidam diretamente com o mar, mas outros cursos como química, biologia, engenharia naval e engenharia mecânica também poderão fazer uso da embarcação. É algo muito importante para a formação desses estudantes. Para quem estuda alguma ciência relacionada ao mar, este navio é tão importante quanto a prática no hospital é para um estudante de medicina", argumenta. 

Antes, para que os alunos pudessem ir a campo era necessário tentar vagas junto à Marinha ou em embarcações estrangeiras. "O impacto é uma mudança paradigmática do ponto de vista das condições de ensino e aprendizagem dos cursos de ciências do mar. Temos um equipamento permanentemente a serviço das universidades, a serviços desses cursos. Antes dependíamos de parcerias com barcos de outros países, mas agora temos uma embarcação de alta qualidade para dar continuidade aos projetos de graduação e pesquisa de maneira geral", comemorou Alfredo Gomes, reitor da UFPE. 

O Laboratório de Ensino Flutuante faz parte de um projeto de capacitação de pesquisadores em alto-mar, fomentado pelo MEC, com recursos liberados em 2014. Este é o quarto navio entregue pelo ministério desde 2017. As demais embarcações idênticas estão ancoradas no Rio Grande do Sul (para atender todo o Sul do País), Maranhão (para a região Norte) e Rio de Janeiro (para todo o Sudeste).

Vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo explica que o objetivo é abrir a embarcação para visitação. "Vai ser aberto completamente para a visitação. Nossa ideia é que se possa desenvolver aqui atividades de extensão, que é um dos pilares do tripé que faz a universidade pública, ao lado de ensino e pesquisa. Queremos trazer escolas públicas, privadas e a população, para que possamos incentivar os novos marinheiros, os marinheiros do futuro, com consciência de preservação ambiental, o que é fundamental", pontuou. Segundo ele, os próximos passos são terminar de equipar o navio e iniciar as aulas práticas. Devido à pandemia, as atividades devem ser desenvolvidas a partir do próximo ano. 

Para que o navio fique ancorado no local, foi firmado um Acordo de Cooperação Técnica de cinco anos entre a UFPE e o Porto do Recife. Assim, enquanto utiliza as instalações, a embarcação também auxilia na elaboração de projetos ambientais e estruturais do terminal. "Quando se começa a fazer pesquisas e estudos, o resultado disso logicamente interessa e serve para a atividade portuária. Isso é muito importante, acho que pode ser de um resultado muito maior do que se imagina", aposta Carlos Vilar, presidente do Porto do Recife. Segundo ele, o primeiro projeto de monitoramento ambiental já está sendo viabilizado entre UFPE e o ancoradouro para ser realizado durante as obras de dragagem, que está em fase final de aprovação. 

 

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