SAÚDE

Doença da urina preta: mulher que teve síndrome de haff após comer peixe recebe alta; irmã segue na UTI

As irmãs passaram mal após um almoço que tinha, dentre os pratos principais, um peixe comprado no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife

Cadastrado por

Vanessa Moura

Publicado em 25/02/2021 às 17:54 | Atualizado em 02/03/2021 às 11:37
A empresária Flávia Andrade concedeu entrevista à TV Jornal nesta quinta (25) - Reprodução/TV Jornal

Com informações da TV Jornal

A empresária Flávia Andrade, de 36 anos, que adquiriu a síndrome de Haff após ingerir um peixe da espécie arabaiana, recebeu alta hospitalar na quarta-feira (24). A irmã dela, a veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, também contraiu a síndrome, que é conhecida como 'doença da urina preta'. Com ela, o caso foi mais grave. Pryscila segue na UTI, mas já apresenta melhora no quadro, segundo informações repassadas pelos familiares.

Em entrevista à TV Jornal, nesta quinta-feira (25), ela falou sobre os primeiros sintomas da doença após a ingestão do peixe comprado no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife. "Teve um primeiro consumo na minha casa, do peixe, e eu tive muita dor abdominal, dor torácica, dor no estômago. Já no segundo consumo, meu filho também comeu, e minha irmã. Meu filho consumiu uma quantidade muito pequena, graças a Deus", afirmou. 

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Flávia explica que a irmã apresentou mais sintomas. "Como ela estava paralisada, fizeram vários exames nela na hora e ela já foi pra UTI naquele mesmo instante", conta. Ainda segundo ela, foi no momento em que precisou socorrer a irmã que sentiu os sintomas aparecerem com mais força e chegou a pensar que fosse uma crise de estresse. "No ato do socorro da minha irmã, após quatro horas, mais ou menos, da ingestão do peixe, eu fiquei travada da nuca para o quadril. Eu conseguia mexer apenas pernas e braços, pensei que era estresse, ou dor muscular, fui atendida por um ortopedista e ela ficou sendo socorrida", conta. 

Apenas no dia seguinte, após realizar exame, foi constatada a presença da toxina em seu organismo. "No outro dia, quando eu fui conversar com o médico foi que ele explicou o consumo da arabaiana. Ele passou o meu exame na mesma hora e foi constatado que eu estava com a mesma toxina", diz.

Quanto a coloração da urina, Flávia revelou que apenas a de sua irmã teve alterações. A dela, no entanto, permaneceu normal. "A urina dela [da irmã] ficou preta na mesma hora no hospital, já a minha não", completou. 

Veja na íntegra:

Médico faz alerta 

A investigação de cinco casos de mialgia aguda suspeitos de Síndrome de Haff em Pernambuco, chamada de "doença da urina preta", lançou luz sobre os cuidados necessários para o consumo de peixe

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A síndrome acontece de forma repentina e é caracterizada pela ruptura das células musculares, o que leva ao aparecimento de alguns sinais e sintomas como:

A enfermidade é causada, segundo os médicos, pela contaminação com uma toxina que se desenvolve em peixes que não são bem armazenados em temperaturas adequadas. A substância não altera o sabor e nem a aparência do alimento.

“O que chama atenção? O peixe não foi armazenado de forma adequada nem tratado de forma adequada. Aí ele vai produzir uma toxina. Você come o peixe, não nota que tem essa toxina, o gosto não tem alteração, mas, poucos dias depois, você começa a ter a dor muscular intensa e a urina ficando preta, devendo procurar de imediato uma unidade hospitalar, quando isso acontecer”, analisou o médico infectologista Filipe Prohaska, em entrevista à TV Jornal.

O especialista explica que, para evitar este tipo de contaminação, é necessário estar atento ao local onde se compra o peixe. “Muito cuidado em checar como aquele peixe chegou ali e como ele está sendo armazenado no momento da venda. O mais importante é comprar em lugares onde você tenha garantia da segurança”, explicou Filipe Prohaska.

O médico detalhou que o ideal é que o peixe seja transportado e armazenado em temperaturas entre -2º e 8ºC, e que, caso o produto seja adquirido na feira, é necessário identificar se o peixe está sendo mantido no gelo (para preservar a temperatura ideal).

Apesar das duas irmãs terem comido o peixe do tipo Arabaiana, outras espécies já estão relacionadas com casos descritos de Síndrome de Haff. É o caso do Tambaqui. Na Bahia, a doença já foi relacionada com o consumo do Badejo (Mycteroperca) e, no Amazonas, com o consumo do Pacu Manteiga (Mylossoma).

Após a notificação dos possíveis casos no Recife, a SES-PE orientou sobre a investigação epidemiológica de todos aqueles que consumiram o alimento, assim como a coleta do referido insumo para encaminhamento ao Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) para que sejam providenciadas as análises laboratoriais.

Em Pernambuco, entre 2017 e 2021, foram registrados 15 casos de Haff, sendo 10 confirmados por critério clínico epidemiológico (4 em 2017 e 6 em 2020) e 5 (de 2021) ainda em investigação. A Secretaria de Saúde salienta que, por meio da Rede de Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Rede Cievs), acompanha e mantém toda rede de serviços de atenção e vigilância do Estado alerta para a notificação de casos suspeitos da doença.

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