Um entregador de aplicativo revelou ter sido humilhado por um dono de uma lanchonete localizada no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, após aparecer para trabalhar de bermuda e camisa. De acordo com Breno Mateus, que trabalha na área de delivery de comida para ajudar a manter a casa onde mora com a avó, durante uma de suas entregas, ele foi filmado por um empresário, que ironizava e comparava a roupa dele com a dos outros motoboys.
"Cheguei no sábado à noite para pegar um pedido, já tinha pego pedidos lá outras vezes, já conversei com o dono e ele sempre me atendeu de forma tranquila. Dessa vez vi que ele estava com o celular na mão e me filmando, pensei 'tranquilo', continuei andando e coloquei o pedido na minha bag [bolsa]. Quando fui enxugar o rosto notei que ele estava falando algo sobre a minha roupa, dizendo que se um entregador chegasse daquela forma na casa de algum cliente não era um entregador da hamburgueria. Eu pensei, como assim chegar desse jeito? Eu estava mal vestido?", revelou Breno Mateus.
O vídeo gravado pelo comerciante foi parar nas redes sociais, onde viralizou e gerou ainda mais constrangimento para o rapaz. Nas imagens, o dono do estabelecimento afirma que Breno Mateus é um "menino bom", mas que realizar entregas de bermuda é errado. O entregador, por sua vez, afirma que a empresa para a qual trabalha não exige padrão de vestimenta.
"Aquilo me constrangeu muito, porque não estava trabalhando num dia chuvoso pra estar sendo humilhado. Quando vi o vídeo, comecei a chorar, aí então, incentivado por meus colegas, que também são entregadores, publiquei o vídeo mostrando nossa luta diária".
O rapaz, que agora está tendo apoio de um advogado, pretende registrar o caso na polícia e acionar a Justiça contra o dono da lanchonete.
"Ser entregador não é fácil, quem é e quem já foi sabe disso. Depois que publiquei, em menos de 30 minutos tive muitos comentários e compartilhamentos. Eu quero justiça, quero que todos os entregadores sejam respeitados", completou.
Veja o vídeo:
A reportagem do JC tentou entrar em contato com a lanchonete para solicitar posicionamento sobre o ocorrido, mas não havia sido respondida até a publicação da matéria. Caso cheguem novas informações, o texto será atualizado.