Com informações de Juliana Oliveira, da TV Jornal
Familiares e amigos do adolescente Jhonny Lucindo Ferreira, de 17 anos, morto com um tiro na cabeça há exatamente um ano no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, realizaram uma manifestação em frente ao fórum do município, na manhã desta quinta-feira (5), para pedir celeridade no caso por parte do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). O rapaz morreu durante uma abordagem da Polícia Militar.
Mesmo com a chuva que cai no Estado nesta quinta, as pessoas - vestidas com camisetas brancas, com uma foto estampada do adolescente - não deixaram de se reunir em frente ao fórum de Jaboatão. Entre as vozes que ecoavam o pedido por justiça, se encontrava a da mãe do adolescente, Solange Pereira.
"Faz um ano da morte dele e até agora nada foi resolvido, quero justiça para que esse caso não fique impune. O policial militar envolvido está aposentado, em casa, recebendo o dinheiro dele, porque ele já tinha dado entrada na aposentadoria um dia antes da abordagem contra meu filho", desabafou a mulher. Segundo a mãe, apesar da morte do rapaz, o Estado não tem oferecido nenhum tipo de ajuda para ela.
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Em entrevista concedida à TV Jornal, a advogada da família, Isabela Lima, explicou que o protesto é um ato simbólico para mostrar que Jhonny não foi esquecido pelos seus e que a todos querem justiça. "O policial foi ouvido apenas na fase do inquérito. Na parte judicial, desde que foi feita a denúncia, ele nem chegou a ser citada para apresentar resposta à acusação. Estamos aguardando isso", disse.
Ainda segundo Isabela, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) contém uma portaria que diz que não pode haver audiência de réu solto. No entanto outros andamentos do processo poderiam ser agilizados, o que, de acordo com ela, não está ocorrendo.
Por meio de nota, a assessoria de comunicação do TJPE informou que "a 1ª Vara do Tribunal do Júri de Jaboatão dos Guararapes está providenciando a citação do réu e cumprimento de demais diligências". Leia texto na íntegra:
A Assessoria de Comunicação do TJPE informa que a 1ª Vara do Tribunal do Júri de Jaboatão dos Guararapes está providenciando a citação do réu e cumprimento de demais diligências no processo nº 0001326-10.2021.8.17.0810. O recebimento da denúncia nesse caso ocorreu no dia 31 de março de 2021. Em razão da pandemia do novo coronavírus, na época, os prazos processuais referentes a processos físicos de réu solto estavam suspensos, considerando Atos editados pelo Egrégio TJPE. A tramitação regular dos processos foi retomada a partir 06 de julho de 2021, de acordo com o Ato Conjunto do TJPE nº 24, de 21 de junho de 2021.
Morte de Jhonny
Jhonny Lucindo Ferreira foi assassinado com um tiro na cabeça no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), na tarde do dia 5 de agosto. O adolescente, que havia pego carona de moto com um amigo, teria sido abordado por policiais militares enquanto voltava da oficina de seu avô, onde trabalhava como soldador. A fatalidade aconteceu na Rua Sete de Setembro.
Uma testemunha, que preferiu não se identificar, contou, na ocasião, que o disparo fatal teria sido efetuado por um dos policiais.
"[Os policiais] já chegaram atirando, nem mandou eles [os jovens] pararem. Se eles queriam que eles parassem porque não atiraram no pneu da moto? Porque não atiraram na perna? Mas deu um tiro na cabeça dele."
Ainda segundo a testemunha, o garoto foi socorrido na própria viatura da polícia e levado para uma unidade de saúde próxima, mas não resistiu aos ferimentos.
Na ocasião, o amigo de Jhonny, um estudante de 18 anos que pilotava a moto, foi conduzido para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da cidade. Segundo o tio do rapaz, ele também estaria voltando do trabalho.
O policial apontado como autor do disparo também esteve no DHPP para prestar esclarecimentos e entregou ao delegado uma arma falsa, que, segundo ele, estaria com o adolescente e foi apreendida durante a abordagem. Moradores do local onde ocorreu o crime, afirmaram que câmeras de segurança que teriam filmado o ato foram retiradas.