A Polícia Civil de Pernambuco informou, na manhã deste domingo (3), que está investigando o administrador Luciano Matias Soares, motorista que atropelou advogada que participava de ato contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por tentativa de homicídio. O caso aconteceu nesse sábado (2) na Avenida Martins de Barros, no bairro de Santo Antônio, durante dispersão da manifestação.
O inquérito policial foi instaurado por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Já o acusado registrou ocorrência de dano/ depredação do seu veículo na Central de Plantões da Capital (Ceplanc). Ele, que é administrador e já foi candidato a vereador pela Frente Popular do Recife em 2012, argumenta que manifestantes foram pra cima do seu veículo - versão contestada por pelo menos seis testemunhas que compareceram ao DHPP.
Em entrevista ao NETV, ele disse: "só passei por ela porque ela se pendurou no meu carro. As pessoas que tavam com ela começaram a dar um monte de pancada no meu carro, que está todo amassado na frente, o vidro quebrado. Então, eu fiquei com medo de ficar e acontecer uma coisa pior. E por isso que assim... Infelizmente, aconteceu, eu tô pedindo perdão mais uma vez, não é do meu caráter. Não é do meu feitio fazer isso".
Ao JC, advogado Sérgio Gonçalves defendeu que o administrador não atropelou a atropelou por razões políticas, e que, inclusive, o cliente é simpático às reivindicações do ato contra Jair Bolsonaro (sem partido).
"Ele foi relacionado como um aliado de Bolsonaro porque ele foi candidato a vereador pelo PSC em 2012, quando nem o nome Bolsonaro era falado. Já tenho em mãos e possivelmente nas redes sociais deve ter também ele informando que votou e vota no PT. Tenho também documentos que mostram ele com a camisa e a bandeira do PT. Inclusive ele falou nas entrevistas de ontem que é votante do presidente Lula. Ou seja, esse fato da data de ontem não foi um ato político. Não podemos direcioná-lo como se fosse um atentado aos manifestantes", afirmou Sérgio.
Segundo a advogada da vítima, Priscilla Rocha, ela convulsionou após a batida, precisou passar por cirurgia no pé e levou pontos na cabeça. Neste domingo (3), ela ainda está em observação e em recuperação no Real Hospital Português, que disse não poder divulgar informações oficiais sobre o quadro de saúde dela.
Ela fazia parte de um grupo de advogados voluntários que tentam dialogar e resolver impasses nos protestos populares para que não ocorra qualquer incidente violento, e faz parte da comissão de Advocacia Popular da Ordem dos Advogados do Brasil secção Pernambuco (OAB-PE).
Veja íntegra da nota da Polícia Civil
A Polícia Civil de Pernambuco, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), instaurou inquérito policial e está investigando uma tentativa de homicídio ocorrida na tarde de ontem (sabado, 02/10), na Avenida Martins de Barros, no bairro de Santo Antônio, quando uma mulher foi atropelada por um homem após a dispersão de uma manifestação politica. O acusado registrou, por sua vez, ocorrência de dano/ depredação do seu veículo na Central de Plantões da Capital (Ceplanc).
A Polícia Civil de Pernambuco tomará todas as providências para a apuração dos fatos.
Entenda o caso
Uma mulher que havia participado de uma manifestação pacífica contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, no Recife, foi atropelada, no início da tarde deste sábado, no Centro da cidade. Segundo a vereadora Dani Portela (PSOL), ela foi arrastada por cerca de 50 metros. Testemunhas contaram que o motorista teria avançado em direção ao grupo de manifestantes que a mulher fazia parte. O acidente aconteceu por volta das 12h30 na Avenida Martins de Barros, no bairro de Santo Antônio. A mulher foi socorrida pelo Samu para um hospital particular da capital pernambucana.
O motorista trafegava pela Avenida Martins de Barros. Ao parar no semáforo antes do cruzamento com a Ponte Maurício de Nassau teria se deparado com o grupo de manifestantes. Uma das versões é que ele não quis parar para esperar as pessoas atravessarem a via. A vítima se segurou no capô do carro. Quando o condutor freou bruscamente, logo depois da estação do BRT, ao lado do Armazém do Campo, a mulher caiu no chão. O motorista, então, passou por cima dela e fugiu sem prestar socorro.