A dinâmica de um dos crimes mais emblemáticos do País é recriada em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, até este sábado (12), com o intuito de juntar as peças de um quebra-cabeça ainda não resolvido em sete anos. Nesta sexta-feira (11), dia em que Beatriz Mota completaria 14 anos caso não tivesse sido morta, acontece o quarto dia da reprodução simulada do caso no Colégio Auxiliadora, sem a presença do principal suspeito: Marcelo da Silva, de 40 anos. Foi na escola, aos 7 anos, onde a menina foi brutalmente esfaqueada em 10 de dezembro de 2015.
A ausência de Marcelo na escola foi uma orientação de seu novo advogado de defesa. “Ele não irá participar de qualquer perícia ou reprodução simulada, apenas de reconhecimento de pessoas. Ele não vai porque não vai produzir provas contra ele mesmo, [não vai] simular uma coisa que ele não fez”, disse Rafael Nunes em entrevista à TV Jornal. O suspeito está em Petrolina e passou por procedimento de reconhecimento de pessoas na Delegacia. Segundo o advogado, deve retornar a Igarassu, no Grande Recife, onde está preso por outros crimes, na segunda-feira.
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A presença do suspeito na reprodução havia sido requerida pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) e concedida pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), em decisão do juiz da 4ª Vara de Execução Penal Regional de Petrolina, Cícero Everaldo Ferreira Silva.
Mesmo assim, o advogado da família de Beatriz, Lécio Rodrigues, afirmou que a ausência do suspeito não prejudica o andamento do inquérito. “A reprodução simulada não é uma prova indispensável para o inquérito policial. Pode haver indiciamento e denúncia independentemente disso. Já existem provas colacionadas ao inquérito policial que indicam efetivamente a participação de Marcelo no crime. Temos o laudo pericial de confrontação genética. Tivemos informações do delegado que testemunhas confirmaram a presença dele no local do crime e como autor do fato, e temos o reconhecimento de pessoas, que vem acontecendo na Delegacia de Petrolina”, afirmou.
A Secretaria de Defesa Social informou que a força-tarefa designada está em fase final de investigação, com a realização de diligências e perícias complementares, para concluir os trabalhos e remeter o inquérito ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Por fim, disse não estar passando informações sobre o que tem acontecido na reprodução devido ao inquérito do Caso Beatriz estar sob segredo de Justiça.
As paredes do colégio estampam a foto de Beatriz ao lado do retrato falado do suspeito, pedindo por justiça. Marcelo da Silva foi apontado como o autor do crime em 11 de janeiro de 2022 - seis anos após o assassinato - por meio de análises de DNA, duas semanas após os familiares da menina caminharem de 702 km, de Petrolina ao Recife, para fazer cobranças ao governador Paulo Câmara (PSB).
Segundo a polícia, o material genético do homem foi associado ao que foi encontrado na faca usada para matar a criança. Logo depois, o homem confessou o crime para delegados da força-tarefa responsável pela investigação. Na mesma semana, mudou de advogado - que passou a defender a inocência do homem, alegando que ele teria confessado por pressão.
No local do crime, Denilira Cavalcante, a coordenadora do movimento Somos Todos Beatriz, representou a família. "Acreditamos que Marcelo é o assassino de Beatriz. Além do DNA, pelos outros aspectos técnicos com que a polícia está trabalhando e as testemunhas", disse.
CPI do Caso Beatriz
Com investigações que perduram há seis anos, o pedido da família é pela federalização do caso. Para apurar possíveis falhas no processo, um grupo de deputados de Pernambuco pede pela criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) - que necessita de 17 assinaturas entre os 49 parlamentares. Na segunda-feira, o deputado Romero Albuquerque disse ter conseguido reuni-las.