O poder público planeja transformar o novo sítio arqueológico descoberto na Comunidade do Pilar, no Bairro do Recife, em um parque arqueológico aberto para visitação. Enquanto foi formado um grupo de estudos pelo Instituto Pelópidas Silveira, a Autarquia de Urbanização (URB) e a Secretaria de Infraestrutura, para definir quais serão os próximos passos, o Museu a Céu Aberto, que também contém resquícios da antiga cidade, continua abandonado.
Durante escavações para continuar as obras do Habitacional do Pilar, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) encontrou o que pode ser um dos sítios arqueológicos mais ricos do País. Foram desenterrados mais de 150 mil vestígios que variam de séculos 17 a 19. Entre eles, ruínas do Forte de São Jorge, construído em 1593 e usado como um dos baluartes na defensiva contra a ocupação holandesa em 1630.
- Um dos maiores achados arqueológicos urbanos do País é encontrado no Recife
- Achados arqueológicos na Comunidade do Pilar, no Bairro do Recife, revelam segredos da história de Pernambuco
- Com descoberta arqueológica, projeto do atrasado Habitacional do Pilar, no Bairro do Recife, pode ser modificado
- Enquanto é estudado novo parque arqueológico no Pilar, Museu a Céu Aberto continua abandonado no Recife
Enquanto a devida importância histórica é dada aos novos achados, seguem ao léu achados de 2000 que também preserva antigas muralhas que cercavam a cidade durante o século 17, o antigo Arco do Bom Jesus e restos do dique de contenção do avanço do mar, erguido no século 19, na Rua Barão Rodrigues Mendes, no mesmo bairro.
Em fevereiro, o JC trouxe reportagem sobre o local, mostrando que falta uma das placas do guarda-corpo de vidro, enquanto outras duas estão quebradas. Em uma parte, onde tem água da maré acumulada, havia garrafas de plástico jogadas pessoas pessoas que circulam pelo local. As muretas também estão avariadas. O painel explicativo, que contava a história urbana do Recife com mapas e gravuras do Recife nos séculos 17, 18 e 19, está pela metade, interrompendo parte da narrativa.
As relíquias foram descobertas durante uma simples obra de implantação de galerias pluviais. À época, foram encontradas também cerca de 500 peças no local, entre cachimbos, tijolos holandeses, louças e peças metálicas. Já o Museu foi entregue à população apenas em 2007, na gestão do prefeito João Paulo, pelo investimento de R$ 200 mil.
Mesmo com tamanha importância histórica, o esquecimento o espaço faz com que pessoas passem e se interessam em admirá-lo por algum tempo. Natural do Recife, o prestador de serviços Valter Rodrigues, de 47 anos, nunca soube "qual o objetivo" do espaço, ainda que trabalhe a poucas ruas do museu três vezes na semana. "É uma coisa aleatória. Deveria ter uma placa informando o porquê desse buraco", afirmou.
Esclarecimento
Por nota, à época, a Secretaria de Turismo e Lazer do Recife disse já ter programado a troca do painel informativo do Museu a Céu Aberto, localizado no Recife Antigo, para este mês de fevereiro. A expectativa é que a nova sinalização seja entregue até o final da próxima semana. Já a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) acrescenta que realizou levantamento no local e está elaborando orçamento para programar a execução dos serviços de reparos no guarda-corpo do local. O Museu a Céu Aberto abriga achados arqueológicos seculares, entre eles um trecho de uma muralha de pedra datada do período holandês (1630-1654), parte das bases do Arco do Bom Jesus e parte do dique de contenção do mar, construído no século 19.
Outros sítios arqueológicos do Recife
Confira mais sítios arqueológicos já abertos à visitação no Recife. Confira:
Museu Militar do Forte do Brum - administrado pelo Exército Brasileiro
Sinagoga Kahal Zur Israel - administrado pela Federação Israelita de Pernambuco (Fipe)
Museu a Céu Aberto - administrado pela Prefeitura do Recife
Caixa Cultural - administrado pela Caixa Econômica Federal
Cais do Sertão - administrado pelo Governo do Estado