ENTERRO

Porto de Galinhas: corpo de criança morta em ação policial é enterrado sob aplausos e pedidos de justiça

Muitas pessoas foram ao cemitério de Nossa Senhora do Ó para se despedir da Heloysa Gabrielly, morta aos 6 anos

Cadastrado por

Filipe Farias

Publicado em 31/03/2022 às 20:44 | Atualizado em 01/04/2022 às 9:53
Centenas de pessoas estiveram no cemitério de Nossa Senhora do Ó para o enterro da menina Heloysa Gabrielly - Beto DLC / SJCC

A comoção entre os moradores de Porto de Galinhas foi total com a morte da pequena Heloysa Gabrielly, de apenas 6 anos, baleada durante ação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) na comunidade Salinas. Um grande cortejo, com pessoas a pé, de buggy, de carro e de ônibus, percorreu o centro de Porto em direção ao cemitério de Nossa Senhora do Ó, nesta quinta-feira (31).

No cemitério, a mãe de Heloysa Gabrielly, Gleidiane Fernandes, chegou ao cemitério carregada por familiares e amigos. Ela estava segurando uma boneca da filha e bastante abalada. A avó também estava no local, desesperada com a perda.

O caixão com o corpo de Heloysa Gabrielly foi velado por cerca de 20 minutos e, posteriormente, carregado por jangadeiros para o enterro, que aconteceu no final da tarde sob muitas orações e aplausos. O pai da garota, Wendel Fernandes, ao choro, relembrou os últimos momentos com a sua filha. "Eu estava na casa da minha mãe quando ouvi os disparos. Quando vi, ela já estava virando os olhos... Eu disse (para o policial) você matou a minha filha. Peguei ela, me jogaram na viatura para socorrê-la até o hospital, mas ficaram mentindo, me enrolando, dizendo que ela ia viver", contou o jangadeiro.

Vários moradores na comunidade Salinas, em Porto de Galinhas, garantiram à reportagem da TV Jornal que não houve troca de tiros e, sim, que a polícia já chegou atirando. Imagens de um circuito interno mostra um motociclista passando sozinho em alta velocidade e sendo perseguido por suas viaturas do Bope, o que contraria a versão da própria polícia que afirmou que a perseguição teria sido para capturar dois suspeitos.

Com um clima bastante tenso, a população local promoveu novos protesto, fechando as principais vias de acesso ao cetro turístico de Porto de Galinhas, ateando fogo na pista. Em outro trecho da PE-009, dois caminhoneiros conduzindo caminhões caçambas despejaram barro na avenida para impedir a passagem de veículos.

Até o início da noite, os protestos seguiam. No asfalto, os manifestantes chegaram a escrever a frase: "Porto de Galinhas, diversão para os ricos e ferro para os favelados", criticando a forma de tratamento da Polícia Militar com os moradores das comunidades locais.

Insegurança em Ipojuca

Perto das 20h, quando uma equipe da TV Jornal deixava Porto de Galinhas, foi orientada pela polícia, assim como outros profissionais da imprensa, a esperar mais um tempo até seguir viagem, pois homens armados estariam abordando carros nas proximidades do acesso à Nossa Senhora do Ó. No local, um ônibus foi incendiado.

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