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Incêndio no Pina: moradores dependem de doações e abrigo na casa de familiares

Sem um teto, os moradores estão dependendo de doações de organizações e de moradias - igualmente irregulares - dos parentes

Cadastrado por

Bruno Vinicius

Publicado em 09/05/2022 às 15:13 | Atualizado em 09/05/2022 às 21:30
Comunidade do Beco do Sururu, 3 dias após o incêndio - Bruno Campos/JC Imagem

Com informações da repórter Katarina Moraes

Em pouco tempo, a pescadora Janecleide Miranda, de 26 anos, viu o fogo que atingiu o barraco da sua mãe tomar também tomar conta da sua moradia. Ela faz parte das 30 famílias atingidas pelo incêndio na comunidade do Beco do Sururu, na Bacia do Pina, nessa sexta-feira (6). Sem um teto na capital mais desigual do país, a pescadora, assim como os moradores do local, estão dependendo de doações de organizações e de moradias - igualmente irregulares - dos parentes.

"Minha mãe perdeu tudo. A gente está na casa do meu irmão - eu, minha mãe e meu pai - , tudo na casa do meu irmão. Eu fui cadastrada (para receber auxílio). Minha família foi. Deram opção de abrigo em santo amaro, mas ninguém quis. Veio doação de roupas, aí a gente tá usando as doações", diz a pescadora, no local após o incidente.

Apesar da Defesa Civil, órgão que representa a Prefeitura do Recife na situação, ter comparecido, a moradora pede uma posição mais firme da gestão municipal. "Nem aqui eles deram as caras. A Defesa Civil, mas a prefeitura não veio aqui", conta Janecleide, que perdeu televisão, geladeira, cama, guarda-roupa e as próprias roupas. "Eles querem dar 3 meses. Esses 1,5 mil levantam o barraco, mas resolve o quê?", reclama do valor oferecido pela prefeitura.

O cabeleireiro Robson José, de 50 anos, morava na comunidade há 3 anos. Veio de Surubim para a Capital Pernambucana em busca de oportunidades. Desde o incêndio, está na casa da irmã, na comunidade do Bode, também no Pina. "A pessoa precisa de uma moradia digna, né? Porque nem todo mundo quer morar dentro da maré, cai celular, cai garfo, perde dinheiro. Mora porque precisa, não têm onde morar. Se eu tivesse onde morar, a gente não estava", revela.

Ele estima ser necessário, pelo menos, R$ 2,5 mil para os materiais de construção do barraco. E R$ 3 mil para a mão-de-obra. O dobro do oferecido pela Prefeitura do Recife em auxílio. "Morar aqui na Palafita é porque não têm para onde ir, porque se tivesse uma moradia digna jamais iria viver num barraco. Cai. O barraco balança quando a maré enche", conta o cabeleireiro, que ainda consegue trabalhar a domicílio nesses após o incidente.

LOCAIS QUE ESTÃO RECEBENDO DOAÇÕES

Mãos Solidárias: Armazém Do Campo

Coletivo Pão e Tinta

Projetos Amigos do Pirrita

Livroteca Brincante do Pina

Instituto Vizinhos Solidários

Paróquia Nossa Senhora do Rosário (Igreja do Pina)

Central Única das Favelas

Armazém do Campo

Delegacia de Boa Viagem

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