URBANISMO

Últimas casas da Comunidade do Pina, incendiada há 2 meses, no Recife, são demolidas. Saiba o que deve ser feito no espaço

Há cerca de um mês, agentes de limpeza da Prefeitura do Recife vêm retirando tralhas que sobraram no espaço

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 01/07/2022 às 13:26 | Atualizado em 28/12/2022 às 11:51
RECOMEÇO Não há mais ninguém vivendo no local. Famílias que ainda moravam em casas de alvenaria saíram após pagamento de auxílio - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Já não existe mais o que se chamava de Comunidade Entre Pontes, no Pina, na Zona Sul da cidade. No começo de junho, o JC reportou que todos os moradores das palafitas - parte delas acometida por incêndio em 6 de maio - já haviam deixado o espaço, após pagamento do auxílio pecúnia de R$ 1,5 mil. Agora, nessa semana, as casas de alvenaria - as primeiras construídas no espaço - foram demolidas pela Prefeitura do Recife.

Mikeline Edilene do Nascimento, 29, era uma das pessoas que ainda aguardavam o depósito da indenização para se mudar do local. Pela casa dela e da mãe, recebeu R$ 43 mil, que foram usados para construir uma nova moradia em Barra de Jangada, Jaboatão dos Guararapes. “Por enquanto volto só para catar marisco e sururu, dia sim, dia não”, contou a pescadora.

Nesta sexta-feira (1º), continuava a limpeza da antiga Comunidade, feita por pouco mais de meia dúzia de garis há mais de um mês, em um trabalho incansável de ida e vinda de tralhas, objetos deixados para trás e tijolos das casas demolidas. Kleyton Alves da Silva, de 21 anos, antigo morador de uma das palafitas queimadas, retirava material para levar para reciclagem.

“Eu morava aqui há 2 anos e meio com minha esposa e cunhada, mas o meu barraco foi um dos que foram queimados. Estou aqui coletando para ver o que consigo vender. Agora estou morando com minha esposa na casa da minha mãe. Recebemos os R$ 1,5 mil e o auxílio moradia de R$ 300 também”, afirmou.

Antiga Comunidade Entre Pontes, no Pina, Zona Sul do Recife - GUGA MATOS/JC IMAGEM
Antiga Comunidade Entre Pontes, no Pina, Zona Sul do Recife - GUGA MATOS/JC IMAGEM

Entretanto, alguns moradores afirmam ainda não terem tido o auxílio moradia mensal de R$ 300 depositados em suas contas. É o caso de Moara Costa, 26.

“A prefeitura não cumpriu com a promessa de que até final do mês de junho todas as famílias estariam recebendo o auxílio moradia. Já é bem difícil que tenhamos que pagar aluguel com este valor apenas, e agora estamos com proprietários dos imóveis que alugamos nos cobrando e com medo de que eles peçam as casas”, contou.

Segundo a gestão municipal, 181 famílias que viviam no local, independente de terem sido afetadas diretamente pelo incêndio, vão receber o auxílio-moradia para reconstruir suas vidas em novos endereços a partir de julho, "à medida em que a documentação das pessoas esteja em dia". 

Entre essas, 165 famílias que tiveram perda de pertences foram indenizadas com o valor de R$ 1,5 mil por núcleo familiar - o que representou R$ 247,5 mil gastos pelo município. Em relação às casas de alvenaria, a Autarquia de Urbanização do Recife informou que encaminhará "hoje o pagamento da última desapropriação".

Os restos de entulho das palafitas do Pina estão sendo retirados pelos garis da Prefeitura do Recife - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Os restos de entulho das palafitas do Pina estão sendo retirados pelos garis da Prefeitura do Recife - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Os restos de entulho das palafitas do Pina estão sendo retirados pelos garis da Prefeitura do Recife - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

A gestão relembrou que garantiu mutirões de serviços públicos de Saúde, Assistência Social e Direitos Humanos, entrega de cestas básicas e colchões aos moradores, consultas médicas, vacinas e atendimentos de saúde bucal, encaminhamentos para emissão de documentação e outras iniciativas, bem como inclusão em programas sociais do Governo Federal. Também foi garantido o direcionamento da população para programas sociais do município.

O objetivo da Prefeitura do Recife é construir um "espaço de convivência para a comunidade, que envolva economia criativa, educação, cultura e geração de emprego e renda, reforçando a vocação econômica pesqueira da localidade".

Prefeitura do Recife pretende transformar o local em um espaço de convivência para pescadores - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

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