POLÍCIA

Crime em condomínio de Boa Viagem: "não vimos solução", diz síndico sobre entrada de suspeito

Síndico alegou a impossibilidade de desligar o elevador e de impedir que o homem subisse até o apartamento onde baleou três pessoas - das quais duas morreram. Caso aconteceu na última sexta-feira (8)

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 13/07/2022 às 15:26 | Atualizado em 14/07/2022 às 9:27
PERÍCIA Corpo do homem que tirou a própria vida com tiro na cabeça foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal, no bairro de Santo Amaro - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Com informações da repórter Dyandhra Monteiro, da TV Jornal

Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Cordeiro, Zona Oeste do Recife, recebeu, nesta quarta-feira (13), testemunhas do crime cometido por um empresário de 50 anos na última sexta-feira (8) em um condomínio no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.

Em entrevista, o síndico do prédio, Anderson Borges, afirmou que os trabalhadores não viram alternativa para impedir o homem de entrar e subir até o apartamento onde baleou três pessoas - das quais duas morreram.

"Infelizmente, o elevador só pode ser travado na casa de maquina, que fica no 20º pavimento. Não haveria tempo o suficiente para ir até lá em cima, principalmente para os porteiros, que estavam embaixo. Por outro lado, se os disjuntores das áreas comuns fossem desligados, não adiantaria, porque tem geradores que mantêm os elevadores ligados", explicou ele.

O empresário havia se separado há poucos dias da ex-companheira e não aceitava o fim do relacionamento. Os funcionários já haviam recebido ordens de que ele não podia mais subir. Então, ele rondou o prédio onde eles moravam por horas até conseguir entrar pela garagem quando um carro estava saindo.

Ele pegou o elevador, subiu até o 4º andar e atirou contra os ocupantes do apartamento: a ex-companheira, de 50 anos, a filha dela, de 20 anos, e o namorado da filha, de 28 anos. Depois, tirou a própria vida.

Um dos zeladores do prédio, Roberto dos Santos, também prestou depoimento nesta manhã. Ele foi uma das pessoas que falou com o empresário antes dele cometer o crime, mas recuou ao ver que ele estava armado. Ele contou estar abalado com o caso. "Vimos a cena, tivemos que limpar tudo. Fica travado na mente. Eu só vim conseguir comer ontem. Fica uma angústia por dentro", revelou.

A esposa do síndico e também moradora do prédio, Tatiana Borges, explicou ainda que, após a invasão do homem, a equipe do condomínio avisou por telefone para a moradora que o empresário estava indo ao apartamento.

"Temos uma imagem mais interna dele, que a imprensa não teve acesso, com a arma à mostra. Na hora que ele entrou, o zelador correu para falar com ele para ele não entrar, e o porteiro ficou na portaria já ligando para avisar que ele tinha entrado. Ela estava ciente que ele tinha entrado", afirmou.

As três vítimas foram socorridas. O estudante morreu ainda na sexta, às 10h15, no Hospital da Restauração (HR), em decorrência de um tiro no peito. A mãe e a filha foram levadas até o Complexo Hospitalar Unimed Recife. A jovem de 20 anos recebeu alta ainda nessa terça-feira (12), enquanto a mãe dela faleceu na madrugada desta quarta-feira (13).

A jovem ainda deve ser ouvida até o fim do inquérito.

Mãe de jovem questiona demora no atendimento

mãe do jovem, Maria Laudjane, quer explicações sobre a demora no atendimento do rapaz, que teria recebido os primeiros socorros ainda no elevador do prédio. "Eu quero saber por que não socorreram meu filho, por que ele não foi para o mesmo hospital, por que demoraram para pegar meu filho. Eu cheguei na restauração e ainda dei um beijo na testa dele, ele ainda estava quente. Que demora foi essa?", questionou ela.

O advogado da família, Fábio Fonseca, analisa se cabe responsabilização da administração do condomínio ou das equipes de saúde que socorreram o rapaz. "Temos uma cena que precisa ser explorada, bem como a responsabilização da administração do condomínio, haja vista que a família acreditava estar resguardada em um condomínio de luxo. Além disso, do poder público, pela demora excessiva na prestação do socorro. Ainda precisamos de respostas sobre como a arma chegou até essa pessoa", disse.

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