Em um dos bairros mais caros do Recife, o imóvel historicamente conhecido por abrigar soldados estadunidenses, durante a Segunda Guerra Mundial, sucumbe aos olhos de quem passa pela Avenida Boa Viagem, na Zona Sul da capital pernambucana. A estrutura danificada destoa dos luxuosos prédios que acompanham a via.
A propriedade, de número 97, conhecida como Cassino Americano, sobrevive ao lado de um imponente empreendimento e serviu, pela última vez, como um buffet e espaço de recepção de eventos da rede Boi e Brasa. Atualmente, parte do terreno foi alugado, onde funciona o complexo da Arena Boa Viagem.
Locatário do terreno, Aníbal Pinteiro lamentou que a edificação se encontre em estado de abandono e contou que, antes de alugar o espaço, o terreno não apresentava sinais de cuidados.
"[O espaço] está visivelmente se degradando e, na verdade, esse aparelho está dentro da nossa área, mas não faz parte do nosso contrato. Quando a gente chegou aqui [alugar] era um terreno baldio, escuro, estava entregue às baratas. O proprietário podia tentar viabilizar algo no aparelho, seria bom para todo mundo", afirma.
Fundado na década de 1940, o espaço era conhecido como Cassino do Pina e atraia a burguesia local para confraternizações e partidas de blackjack, cartas, além da presença de máquinas de caça-níqueis, permitidas na época.
Com a ascensão da Segunda Guerra Mundial, Recife foi escolhida como sede da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos, criada em 1943 depois do ataque à base norte-americana de Pearl Harbor, efetuado pela Marinha Imperial Japonesa, na manhã de 7 de dezembro de 1941. Desde então, o Cassino do Pina passou a ser conhecido como Cassino Americano.
Atualmente, o Cassino Americano faz parte da lista de Imóveis Especiais de Preservação (IEPs) da Prefeitura do Recife e não pode ser demolido, mas deve ser preservado pelos titulares.
De acordo com a Defesa Civil do Recife, o edifício está interditado devido à falta de manutenção e possui notificação na Secretaria Executiva de Controle Urbano (Secon) por mau estado de conservação.
Contudo, por se tratar de um espólio ainda em andamento na Justiça, a gestão municipal informou que não foi possível realizar a autuação.
A reportagem não conseguiu entrar em contato com o proprietário do terreno para falar sobre a situação do imóvel.