Apoiadores de Bolsonaro ateiam fogo em camisa com frase em apoio à Moro

Mesmo diante da pandemia do coronavírus, grupo se reuniu para protestar contra o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
Bruna Oliveira
Rute Arruda
Publicado em 27/04/2020 às 15:15
Grupo de Bolsonaristas colocam fogo em camisa que tem escrita a frase "Em Moro nós confiamos" Foto: Reprodução/Instagram


Um vídeo compartilhado pelo músico Nando Moura em sua conta no Twitter na noite desse domingo (26) mostra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) colocando fogo em uma camisa que tem a frase "In Moro we trust" (Em Moro nós confiamos, no português) escrita. Logo no início da gravação, é possível ouvir um homem dizer "Nós vamos tocar fogo no Moro".

Inconformados com o posicionamento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro com relação a Bolsonaro, pessoas vestidas com as camisas com as cores da bandeira do Brasil se reuniram, mesmo a atitude não ser recomendada por causa da pandemia do novo coronavírus, para mostrar contrariedade às atitudes de Moro.

"Eu quero fazer uma pergunta para todo mundo: Vocês acham que o moro vai andar de avião com tranquilamente daqui em para frente?", questiona homem no vídeo, que tem tem como resposta "não" das pessoas que se encontram no local.

Além das palavras deferidas contra o ex-ministro, o grupo também colocou fogo em uma camisa com a frase "Em Moro nós confiamos" aos gritos de "traíra", "É Bolsonaro ou não é?" e "O Brasil é nosso".

Demissão e embates

Moro anunciou sua demissão do governo federal no fim da manhã da sexta-feira (24) após a decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar a diretoria-geral da Polícia Federal (PF).

O comando da PF estava sendo ocupado por Maurício Valeixo, amigo e braço direito de Moro. Mas ele foi "exonerado a pedido", nesta manhã.

Desde 2019, Bolsonaro já ameaçava trocar o comando da PF para, assim, ter controle maior sobre a atuação da polícia. 

No mesmo dia, o Jornal Nacional, da TV Globo, exibiu uma suposta troca de mensagens que teria acontecido entre Moro e o presidente da República. Na conversa, aparece supostas mensagens enviadas pelo presidente, nas quais ele cita uma reportagem do site O Antagonista, datada do dia 22 de abril de 2020 com o título "PF na cola de deputado bolsonaristas", e logo em seguida escreve: "mais um motivo para a troca", fazendo referência ao cargo de diretor-geral da Polícia Federal, até então ocupado por Maurício Valeixo. Em resposta, Moro escreve: "Este inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre (de Moraes) no STF, diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas, conversamos em seguida às 9h". A reportagem do site O Antagonista se refere ao inquérito aberto para apurar fake news disparadas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), que é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes.

Além da acusação da interferência na PF, Moro disse que não teria pedido uma vaga no STF. No pronunciamento feito no final da tarde pelo presidente para, segundo ele, 'restabelecer a verdade sobre a demissão do Sr. Valeixo, bem como do Sr. Sérgio Moro", o presidente afirmou que o ex-juiz federal teria aceitado a troca no comando da Polícia Federal desde que acontecesse em novembro, quando Bolsonaro supostamente indicaria o ministro à vaga de ministro do STF. Minutos depois do pronunciamento, Moro utilizou o Twitter para rebater o presidente.

"A permanência do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem (quinta-feira) com a substituição do diretor-geral da PF", escreveu.

O Jornal Nacional também mostrou uma suposta conversa entre Moro e a deputada federal Carla Zambelli (PSL) na qual ela teria pedido para o então ministro aceitar Alexandre Ramage, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sugere que Moro também aceite a vaga no STF. "Vá em setembro para o STF. Eu me comprometo em ajudar. A fazer o JB (Jair Bolsonaro) prometer", escreveu. Moro respondeu com: prezada, não estou a venda". Ao JN, a deputada federal disse que não irá comentar a troca de mensagens.

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