Bolsonaro contraria pesquisas científicas e diz que isolamento social foi inútil contra o coronavírus

O presidente da República tem minimizado os impactos da covid-19, que já matou 5.901 pessoas, somente no Brasil
Thalis Araújo
Publicado em 01/05/2020 às 0:04
O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) Foto: EVARISTO SA/AFP


 

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a minimizar os impactos da pandemia do novo coronavírus, que já matou 5.901 pessoas no Brasil. Contrariando pesquisas científicas e especialistas, Bolsonaro disse, nesta quinta-feira (30), que o isolamento social não teve impacto no achatamento da curva de infecção da covid-19.

>> Saiba tudo sobre o novo coronavírus

"Até porque, repetindo: 70% da população vai ser infectada. E, pelo que parece, pelo que estamos vendo agora, todo empenho pra achatar a curva praticamente foi inútil. Agora, a consequência disso? O efeito colateral disso? O desemprego", disse o líder brasileiro.

Mesmo aparentemente seguro do que disse, Bolsonaro não apresentou fundamentos em forma de dados que mostrem a veracidade da sua afirmação sobre a ineficácia do isolamento social. Em outros episódios, ele defendeu o fim da quarentena recomendada pelo Ministério da Saúde. A covid-19 já deixou, pelo menos, 5.901 mortos, somente no Brasil.

Desconsiderando os impactos do vírus, o presidente vem descumprindo as recomendações da Saúde sobre o distanciamento social e tem mantido passeio por locais de comércio e promovido aglomerações.

>> Bolsonaro participa de manifestação no QG do Exército, em Brasília

>> Bolsonaro contraria orientações, dá novo passeio e afirma: 'Ninguém vai tolher meu direito de ir e vir'

Até esta quinta-feira (30), o País totalizou 85.380 casos confirmados do novo coronavírus, ultrapassando a China, se tornando o 10º no raking. O país asiático contabilizou, até o momento, 83.944 casos confirmados, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, que monitora a pandemia.

>> Mais de 230 mil pessoas já morreram de coronavírus no mundo

"O povo quer voltar a trabalhar. Todo mundo sabe que quanto mais jovem, menos problema de ter consequência danosa infectado pelo vírus, né? A pessoa abaixo dos 40 anos de idade, dos infectados com alguma outra comorbidade, em torno de 0,2% apenas que o fim é trágico", disse.

"O distanciamento social permanece como a orientação"

Ainda nesta quinta, em entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Nelson Teich, informou que a flexibilização do distanciamento social não deve acontecer enquanto os casos da covid-19 estiverem passando por "franca ascensão" no País. A flexibilização é veementemente defendida por Bolsonaro. O assunto, inclusive, foi um dos pontos de tensão entre o presidente e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que foi demitido da pasta no dia 16 de abril. Por causa do isolamento, Bolsonaro já criticou, inclusive, governadores em alguns dos seus pronunciamentos em cadeia nacional.

>> Brasil pode chegar a 1 mil mortos por dia pelo coronavírus, reconhece ministro da Saúde

>> Ao se despedir, Mandetta deseja 'sabedoria' a novo ministro e agradece Bolsonaro

"A gente tem uma diretriz, a gente tem um ponto de partida, mas algumas coisas são básicas: não dá para você começar uma liberação quando você tem uma curva em franca ascendência. Neste momento, a gente tem uma definição clara: o distanciamento permanece como a orientação", disse Nelson Teich.

Assine a nova newsletter do JC e fique bem informado sobre o coronavírus

Todos os dias, de domingo a domingo, sempre às 20h, o Jornal do Commercio divulga uma nova newsletter diretamente para o seu e-mail sobre os assuntos mais atualizados do coronavírus em Pernambuco, no Brasil e no mundo. E como faço para receber? É simples. Os interessados podem assinar esta e outras newsletters através do link jc.com.br/newsletter ou no box localizado no final das matérias.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

TAGS
Política Brasil Jair Bolsonaro Coronavírus Covid-19
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory