O lançamento da pré-candidatura do deputado estadual Marco Aurélio (PRTB), que ocorreu nesta segunda-feira (10) em São Paulo, mostrou uma direita mais dividida na disputa pela prefeitura do Recife este ano. O parlamentar, o diretor estadual do PRTB, Edinázio Silva, e o presidente nacional da sigla, Levy Fidelix, fizeram duras críticas a outro pré-candidato do mesmo campo político, o ex-governador Mendonça Filho, do DEM. Ambos fazem oposição a atual gestão socialista da Prefeitura do Recife. Marco Aurélio chegou a chamar Mendonça de "desagregador e elitista" e Edinázio Silva a chamar de diretório do Demo a direção do DEM.
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O que motivou as críticas foi a divulgação de uma pesquisa de opinião sobre os candidatos que vão disputar a Prefeitura do Recife e não incluiu Marco Aurélio como candidato. "Foi muito feio pra você, Mendonça. Fazer uma pesquisa, sabendo que eu sou candidato e não colocar o meu nome... É por isso que você é tão desagregador. Você conseguiu, sentado na cadeira de governador, perder para o cara do escândalo dos vampiros e do escândalos dos precatórios", comentou Marco Aurélio.
Ele estava se referindo ao fato de que o ex-governador Mendonça Filho perdeu a eleição para o ex-governador Eduardo Campos (PSB) em 2006. Antes de ser governador, Eduardo foi secretário da Fazenda no terceiro mandato do ex-governador Miguel Arraes (PSB) e nesse período Arraes e Campos foram acusados de usar a verba dos precatórios para outras finalidades, como o pagamento de pessoal. Os recursos dos precatórios deveriam pagar somente dívidas judiciais. Já o caro citado como o do escândalo dos vampiros, é o atual senador Humberto Costa (PT), que era ministro da Saúde, quando estourou uma operação da Polícia Federal que investigava a compra de remédios hemoderivados com a acusação de superfaturamento. Humberto se elegeu senador em 2018, concorrendo com Mendonça.
O deputado estadual também chamou Mendonça de "elitista" por ter tirado o nome dele da pesquisa de opinião e citou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não vai apoiar o ex-governador. "Quando ele (Bolsonaro) era deputado federal e lhe procurou, você tirou onda e não recebeu ele. Teve o troco em 2018 e não se elegeu", contou. E acrescentou: "Ou temos uma esquerda que é capitania hereditária ou temos alguns elitistas que sobraram porque são os inhos e inhas do Recife". A capitania hereditária é aquela que passa de pai para filho e ele estava se referindo ao PSB que tem como pré-candidato João Campos (PSB), filho do ex-governador Eduardo Campos.
Para o presidente estadual do PRTB, Edinázio Silva, o nome de Marco Aurélio foi excluído da pesquisa pelo "diretório do Demo, que encomendou (a pesquisa). Fiquei espantado, quando percebi a intenção dos capetas que ficam o tempo inteiro alfinetando Bolsonaro". Ele também argumentou que "esses oportunistas não se unem no Estado, repetem 2018 e seguem o caminho da derrota".
Edinázio considerou "desrespeitoso" a não inclusão do nome de Marco Aurélio na pesquisa. Em nota, o dirigente estadual afirmou que o "ataque gratuito e desagregador partiu do pretenso candidato do Democratas que não incluiu o nome do candidato do PRTB na pesquisa", argumentando que "a elite representada pelo candidato do DEM não aceita que apesar de todos os seus movimentos, Marco Aurélio é oficialmente pré candidato a prefeito do Recife".
Também em nota, a bancada estadual dos Democratas consideraram desnecessárias e extremadas as críticas de Marco Aurélio contra Mendonça Filho. "Com um postura equivocada, o deputado Marco Aurélio perdeu a medida nos ataques gratuitos e desagregadores realizados nesta segunda-feira (10) durante o lançamento da sua pré-candidatura à Prefeitura do Recife".
A nota informa que "Mendonça Filho reúne todas as condições para contribuir com o Recife. Detém espírito público, habilidade política e capacidade de gestão para enfrentar os desafios que ora se apresentam no Recife. São credenciais que foram reunidas diante dos serviços já prestados ao Estado e ao Brasil quando exerceu os cargos de vice-governador e governador de Pernambuco e de ministro da Educação".
Ainda no comunicado, o grupo diz que "a eleição de 2020 representa a oportunidade de um novo ciclo político para o Recife", "a chance de um novo tempo" e que Mendonça "tem a coragem de apontar um novo caminho de desenvolvimento" e que isso será alcançado com o diálogo "em um trabalho conjunto com todos aqueles que fazem oposição a esse desgoverno do PSB". O documento foi assinado pelos deputados Antonio Coelho, Gustavo Gouveia e Priscila Krause.