Ainda analisando se manterá ou não a sua pré-candidatura à Prefeitura do Recife, o deputado federal Daniel Coelho conta com o aval da presidência nacional do seu partido, o Cidadania, para qualquer decisão que tomar. A informação foi repassada na noite desta sexta-feira (4) pelo ex-deputado federal pernambucano Roberto Freire, que comanda nacionalmente a legenda. “Ele (Daniel) tem total autonomia para decidir o que for melhor para o partido e terá todo o meu apoio”, cravou o dirigente, em entrevista ao JC.
Duro opositor do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Freire disse que, apesar de não estar tão ligado às articulações recifenses para a eleição deste ano, percebeu que parte significativa dos nomes e partidos do grupo de oposição que apoiaram a pré-candidatura do ex-governador Mendonça Filho (DEM) em detrimento da postulação de Daniel têm afinidade com o bolsonarismo. “Para nós, do Cidadania, a composição majoritária feita em torno de Mendonça se aproxima muito dos interesses de Bolsonaro. Um dos principais responsáveis por essa aliança foi o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho. Essa aproximação acaba nos afastando”, pontuou.
Mendonça conta com PSDB, PTB e PL no seu palanque. Mesmo sendo filiado ao MDB, que apoia João Campos no Recife, FBC declarou apoio ao democrata. O Cidadania informa no dia 16 sua decisão acerca do pleito.
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Apesar da declaração, Roberto Freire frisa que Daniel é o “líder maior” do Cidadania em Pernambuco e que mesmo que ele decida retirar sua postulação e apoiar Mendonça, não irá se opor. “Hoje, nossa preferência é pela candidatura própria, seja minha ou de Karla Falcão. Contudo, não há veto a nenhum dos nomes colocados no campo da oposição”, declarou Daniel, sobre a fala de Freire.
O dirigente nacional, afirmou, ainda, que outras questões ligadas ao governo federal podem ter se refletido na composição da aliança em torno de Mendonça Filho, que vem se reunindo com vários auxiliares do presidente e incluído em seu discurso pautas comuns a Bolsonaro. Desde 2018 tentando emplacar uma candidatura presidencial do apresentador Luciano Huck, Freire acredita que o “medo” dos aliados de Bolsonaro de que o global concorra os leva a tentar evitar o crescimento de alguém próximo a ele em uma capital do Nordeste.
“Uma das coisas que a gente vê nas redes sociais é que Bolsonaro e seus filhos não perdem a oportunidade de agredir Luciano Huck, pois têm medo que ele se candidate. Acredito que isso teve influência no Recife e fez com que certas forças negassem apoio a Daniel”, disparou Freire.
Daniel disse discordar da análise, mas não deixou de apontar que, mesmo tentando se aproximar do presidente - que foi o candidato ao Planalto mais votado no Recife em 2018 e tem recuperado popularidade no Nordeste -, Mendonça é mais próximo de Huck do que ele. “Não vejo FBC tendo interferência no processo, já que seu partido apoia João Campos. Apesar de conhecer Huck, não tenho a intimidade que Mendonça tem com o apresentador, que quando esteve Recife, o visitou e mantém próxima relação pessoal”, disse.
O deputado afirmou, ainda, não ver conexão entre o pleito de 2022 e a pré-campanha do Recife, já que, segundo ele, o gestor municipal não deve se portar como representante do presidente da República. “O papel do prefeito é resolver os problemas do Recife, nunca usar do cargo para fazer campanha de presidente”.
O senador Fernando Bezerra Coelho foi procurado pela reportagem, mas não retornou às tentativas de contato. O ex-governador Mendonça Filho não quis comentar o caso.