O fim das coligações proporcionais promovidas pela reforma eleitoral de 2017 já começa a mostrar suas primeiras consequências práticas. Segundo a coluna Cena Política, deste JC, candidatos a vereador de partidos de compõem grandes coligações têm se queixado da falta de atenção do candidato majoritário, fato que pode interferir diretamente na disputa, já que, a partir de agora, os votos que uma legenda receber valerão somente para ela.
Com as mudanças na legislação eleitoral, a partir deste ano os partidos não poderão mais formar coligações para vereadores e deputados. Antes, as siglas podiam concorrer sozinhas ou em blocos, e neste último caso a votação considerada era a soma dos votos obtidos por cada partido que fazia parte da coligação.
Uma das consequências dessa alteração é que se antes um candidato a prefeito poderia, de uma só vez, pedir votos para os candidatos a vereador de todo um grupo de agremiações, hoje, ele tem a responsabilidade é atender individualmente cada legenda que o apoiar. Em alguns casos, essas alianças são bem grandes, como em Petrolina e em Jaboatão dos Guararapes, onde os prefeitos Miguel Coelho (MDB) e Anderson Ferreira (PL) formaram coligações com 15 partidos cada, e no Recife, cidade onde o deputado federal João Campos (PSB) tem 12 partidos na sua coalizão.
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“Como já dizia o grande poeta Mário Quintana, democracia é a gente dar a todo mundo o mesmo ponto de partida, então a chegada vai depender de cada um. Por isso estamos atendendo a todos os partidos da nossa coligação aqui em Igarassu. Não é um trabalho fácil, ainda mais nesse tempo de pandemia, mas estamos contando com a compreensão dos candidatos. Até agora estamos conseguindo atender a todos”, afirmou a vice-prefeita de Igarassu, Professora Elcione (PTB), que este ano concorre à prefeitura.
A frente de partidos que dá sustentação à candidatura da petebista tem sete partidos: Podemos, Cidadania, MDB, Republicanos, PTC, PTB e Solidariedade. De acordo com a gestora, as siglas lançaram cerca de 140 nomes para a disputa na Câmara de Vereadores da cidade. “Os próprios candidatos estão entendendo o chamado novo normal e as novas normas. Eles compreenderam que precisarão de uma independência maior para procurar suas bases, suas comunidades e sabem que a gente precisa adequar o nosso tempo para atender a todos. Isso está sendo muito positivo”, declarou a vice-prefeita.
Segundo o cientista político Elton Gomes, da Faculdade Damas, com as novas regras eleitorais ficou mais difícil para um candidato, sobretudo para os filiados a siglas menores, mais ideológicas, conquistar uma vaga no Legislativo. “Antes, mesmo um candidato de um partido menor tinha chances reais de chegar à Câmara de Vereadores, por exemplo. Isso porque em uma coligação ele conseguia tomar emprestado, por assim dizer, uma máquina eleitoral por um período, nas eleições. Isso contribuía também para que ele tivesse mais tempo de rádio e TV, que já foi mais importante, mas continua tendo a sua relevância”, observou o docente.