O ex-ministro da Justiça Sergio Moro foi às redes sociais para comentar sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que disse, nesta quarta-feira (07), que acabou com a operação Lava Jato "porque não tem mais corrupção no governo". O ex-juiz da operação afirmou no Twitter que "as tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção".
Moro também considera que atos como esse representam "o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia".
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"Esse filme é conhecido", disse Moro, que termina sua publicação com uma pergunta: "Valerá a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?"
O discurso do presidente Bolsonaro foi feito na tarde desta quarta-feira (07), no Palácio do Planalto, em Brasília, durante a cerimônia de lançamento do programa Voo Simples. O chefe do Executivo também reconheceu que a possível ausência de corrupção não deve ser tratada como uma virtude, mas como uma obrigação que deve ser seguida.
"Queria dizer a essa imprensa maravilhosa nossa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato! Porque não tem mais corrupção no governo", disse, sendo aplaudido por autoridades presentes no local após a fala. "Eu sei que isso não é virtude. É obrigação. Para nós, fazemos um governo de peito aberto", complementou.
A declaração do presidente foi direcionada às recentes críticas de apoiadores de Moro, chamados de lavajatistas, por Bolsonaro ter se aproximado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se posicionam contrários à operação. A prerrogativa de encerrar a Lava Jato, no entanto, não é do Poder Executivo, mas da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A operação Lava Jato foi iniciada em 17 de março de 2014, com 76 etapas deflagradas, e já prendeu grandes nomes da política brasileira, como o ex-presidente Lula, José Dirceu, Marcelo Odebrecht, Eduardo Cunha, Nestor Cerveró, entre outros.
Operação é comandada pela Polícia Federal e já cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de condução coercitiva, e tem seu foco em apurar esquemas de lavagem de dinheiro que movimentam bilhões de reais em propina.