A candidata a prefeitura do Recife Marília Arraes (PT) sempre fez críticas ao PSB durante a sua campanha, mesmo sem por vezes citar o nome do partido ou do candidato, João Campos (PSB). A petista, no entanto, tem subido o tom através de uma ofensiva mais direta ao seu adversário.
Na última sexta-feira (9), ela questionou a capacidade de João Campos ao formular a sua proposta de abrir um de lançar um Crédito Popular, com o oferecimento de empréstimo para empreendedores negativados. "Na verdade, ele se coloca como engenheiro apesar de eu não ter visto que ele tenha trabalhado em nenhuma empresa de engenharia, mas tudo bem, engenheiro deve saber fazer conta. Se você dividir R$ 20 milhões, que é o que ele se propõe a gastar nos próximos quatro anos por R$ 3 mil, que é o que ele quer dar aos recifenses, dá cerca de 1.600 pessoas beneficiadas por ano para devolverem esse dinheiro à prefeitura pagando juros de cerca de 1% ao mês", disse Marília.
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A petista classificou a proposta como uma "falácia para tentar iludir o eleitor mais uma vez como Geraldo Julio fez a mesma prática". No final de semana, a postura da candidata não foi diferente. Na carreata que promoveu no último sábado (10), ela disse que o evento "mostra que o Recife quer voltar a sorrir, porque já brincaram demais com a esperança do nosso povo", disse, em referência à atual gestão.
Já no seu novo quadro "Logo cedo com Marília", com conversas que serão transmitidos duas vezes por semana nas suas redes sociais, ela se disse curiosa com o fato de haver candidato falando em "pegar no serviço" quando a gestão representada por ele está há oito anos sem trabalhar pelo Recife.
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Para a cientista política Priscila Lapa, havia uma percepção inicial de que a estratégia de Marília Arraes não seria de polarizar com João Campos durante a campanha. "Acho que essa estratégia enfraqueceria em um primeiro momento a ocupação por exemplo do espaço do eleitor mais de centro, do eleitor indeciso, que ainda não tinha um direcionamento na largada da campanha", disse Priscila. Ela concorda que um dos acenos da candidata para esse eleitorado foi a apresentação da proposta desativação do Complexo do Curado.
Mas o resultado das últimas pesquisas de intenção de voto pode ter modificado essa perspectiva, pontua Priscila. Na pesquisa Datafolha, divulgada na última quinta-feira (15), a petista está com 17% das intenções de voto, atrás de João Campos, que lidera com 26%. Ela está empatada tecnicamente com Mendonça Filho (DEM; 16%), considerando a margem de erro máxima de três pontos percentuais para mais ou para menos.
A Pesquisa Ibope/JC/Rede Globo - divulgada no dia 2 de outubro - mostra Marília numericamente atrás de João Campos (23%) e Mendonça Filho (19%). Mas considerando a margem de erro de três pontos percentuais, ela disputa o segundo lugar com Mendonça e também está em situação de empato técnico com a candidata Delegada Patrícia (Podemos; 11%)
"Ficou perceptível primeiro esse favoritismo dele (João Campos) que vai se consolidando como candidato que está à frente realmente da disputa e eu acho que isso fez com que ela tivesse que se posicionar mais como alternativa à ele", disse a cientista. "Eu acho que essa mudança do posicionamento dela é no sentido de buscar aquele eleitor, tem muito indeciso ainda, as pesquisa mostram isso também, de buscar aquele eleitor que não quer ir para a direita, mas tampouco quer a continuidade da gestão de João Campos", completa Priscila.
Já o cientista político Arthur Leandro não vislumbra uma mudança substancial na estratégia da candidatura de Marília, mas sim uma modulação considerando os resultados das últimas pesquisas. "Ela só vai conseguir se habilitar à condição de segundo lugar nas pesquisas isso atacando o candidato do PSB, basicamente porque Marília não disputa voto com Mendonça nem com Patrícia. O eleitor de Mendonça não votaria em Marília, que é o eleitor que tradicionalmente não vota no PT e muito menos o eleitor de Patrícia votaria em Marília", ressalta.
Para Arthur, nacionalizar o debate é um caminho que pode ser adotado pela candidata, colocando-se como uma candidata de esquerda com o perfil mais próximo da administração do Recife no período petista, nos governos de João Paulo (PCdoB, eleito prefeito pelo PT) e João da Costa (PT). "Ela precisa dar esse conteúdo contra o governo Bolsonaro, que é uma coisa que João não está disposto a fazer, até porque os partidos ligados ao Centrão que são base de João Campos aqui são aliados de Bolsonaro a nível nacional. Mas eventualmente, se a eleição pegar e a estratégia de Marília der certo, é possível inclusive que João faça esse movimento localmente do ponto de vista da retórica, obviamente, para tentar resguardar esse seu ativo eleitoral que é do qual ele se beneficia em função da aliança que foi montada", projeta Arthur Leandro.
A principal agenda de Marília Arraes nesta terça-feira (13) foi o evento chamado de "Grande Onda 13", que percorreu a Avenida Agamenon Magalhães, na área central do Recife, comadesivaço, panfletagem nos sinais.
A agenda teve a participação da militância e candidatos a vereador da sua coligação formada por PT, PSOL, PTC e PMB. A grande maioria deles, inclusive Marília e o candidato a vice-prefeito, João Arnaldo (PSOL) estavam vestidos de vermelho. A candidata vem sendo criticada por não se utilizar da cor vermelha e do nome do PT na sua campanha com a frequência desejada pelo grupo contrário à sua candidatura dentro do PT.
“Hoje é dia 13, o número que Recife vai escolher para eleger a sua primeira mulher prefeita. Ver uma avenida tão simbólica para o Recife tomada por essa energia da mudança é desde já um dos momentos mais bonitos da nossa caminhada", afirmou Marília.
“O que a gente está vendo aqui é o Recife querendo mudança e as pessoas estão na rua, estão nos apoiando, garantindo a virada a partir de hoje. E no dia 15 de novembro Recife vai fazer um grande dia histórico, o dia que vai marcar o inicio da vitória da primeira mulher que vai governar a Cidade”,afirmou João Arnaldo.