À medida que a campanha se intensifica e os candidatos passam a ser apresentados com maior frequência ao eleitor, seja pela inserção na TV ou no corpo a corpo, o percentual de brancos e nulos tende a cair. Justamente esse movimento foi captado pela segunda rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo. Os entrevistados que declaram intenção de votar em branco ou anular o voto somaram 14%, ao passo que 3% não sabiam ou preferiam não responder. Na primeira pesquisa, esses percentuais eram de, respectivamente, 22% e 7%.
“Ficou claro que a movimentação da redução dos brancos e nulos tinha o fator desconhecimento muito mais forte do que o fator realmente rejeição e não intenção de votar em ninguém. Agora, com essa segunda rodada, vai ficando mais evidente que há uma movimentação dos indecisos e geração de maior confiança”, explica a cientista política Priscila Lapa.
A redução dos brancos e nulos também se torna um eixo fundamental para consolidação das posições dos candidatos na disputa, além de, no cenário de indefinição, ser um campo a mais para obtenção dos votos necessários. Com a disputa pelo segundo lugar no primeiro turno ainda em empate técnico, conforme mostra a pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, o nicho de brancos e nulos ganha ainda mais importância em relação à captação de votos, somando-se até mesmo ao candidato que está na dianteira.
“A disputa vai começando a ganhar ares também no sentido das pessoas decidirem não o que elas escolheriam, mas quem elas não querem que ganhe, e aí a gente começa a ver uma movimentação. Isso acabou favorecendo (João Campos)”, complementa Priscila.
Mesmo num cenário de pandemia, a tendência é de que esses números continuem a cair, chegando a níveis mais “normais” até o dia da eleição. “Não é o caso de brancos e nulos expressivos (nesta eleição), pois do ponto de vista do desinteresse o eleitor está atento. Esperava-se que em meio à pandemia o eleitor fosse se desinteressar, mas ele está atento e deve votar e comparecer, então o número de indecisos deve diminuir, é o chamado efeito de campanha, que vai reduzindo os números a patamares próximos aos que saem das urnas”, afirma o professor Arthur Leandro.