O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu que a Agência Brasileira de Investigação (Abin) apure a suposta invasão de sua conta no Twitter. A medida foi tomada após o ministro alegar, na manhã desta quinta-feira (29), que "alguém se utilizou indevidamente" da sua conta para atacar o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ).
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A interlocutores, Salles disse que durante a campanha eleitoral de 2018, quando disputou uma vaga de deputado federal pelo partido Novo de São Paulo, diversas pessoas tiveram acesso ao seu login e senha, que jamais foram alterados por ele.
A suposta invasão no perfil do ministro foi ironizada por deputados em um grupo de Whatsapp, segundo o portal G1. Um aliado de Maia postou que é isso que acontece quando alguém dá a senha da conta para o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), conhecido por ataques e ofensas a políticos nas redes sociais.
Mais cedo, o Ministério do Meio Ambiente havia divulgado nota para imprensa em que afirmava que o ministro já havia encaminhado "mensagem diretamente ao Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, explicando que não publicou tal mensagem e que vai apurar a utilização indevida de sua conta."
Maia, porém, segundo relatos de aliados, não acredita em tal argumento, bem como integrantes do próprio governo. Esses mesmos aliados aconselharam o deputado a não responder à ofensa do ministro do Meio Ambiente.
Na avaliação do entorno do democrata, Salles tem buscado ocupar o lugar de Abraham Weintraub na chamada ala ideológica. Desde a saída do ministro da Educação, o posto de ministro mais influente do grupo está vago.
Um dia depois de seu perfil publicar uma ofensa ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que foi chamado de "Nhonho", Ricardo Salles apagou sua conta no Twitter. Em entrevista à jornalista Basília Rodrigues, da CNN Brasil, Salles disse que a decisão de excluir seu perfil na rede social trata-se de "um procedimento de segurança".
Antes de apagar a conta, o titular da pasta de Meio Ambiente do governo Bolsonaro realizou uma postagem, na qual afirmou que "alguém se utilizou indevidamente" do seu perfil para atacar Maia, com que, segundo ele, sempre manteve "relação cordial".
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"Fui avisado há pouco que alguém se utilizou indevidamente da minha conta no Twitter para publicar comentário junto a conta do Pres. da Câmara dos Deputados, com quem apesar de diferenças de opinião sempre mantive relação cordial", tuitou Salles, no começo da manhã desta quinta-feira (29).
A publicação do presidente da Câmara foi feita após Salles chamar de "Maria Fofoca" o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. No dia seguinte, domingo (25), o ministro do Meio Ambiente pediu desculpa ao colega de governo.
“Conversei com o ministro Ramos, apresentei minhas desculpas pelo excesso e colocamos um ponto final nisso. Estamos juntos no governo, pelo Pres. Bolsonaro e pelo Brasil. Bom domingo a todos”, escreveu o chefe da pasta do Meio Ambiente.
Além de Maia, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), já havia usado as redes sociais para sinalizar apoio a Ramos. No entanto, a chamada ala ideológica do governo é crítica ao militar, a quem responsabiliza pela aproximação do governo com o Centrão. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também havia saíde em defesa de Ramos. Além da ala mais conservadora do governo, Salles tem do seu lado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.
Nhonho é o nome de um personagem do seriado "Chaves": Febronio Barriga Gordorritúa, mais conhecido como Nhonho (no original Ñoño), foi interpretado por Edgar Vivar durante os anos de 1974 até 1992. Na série, é um garoto de 8 anos.