O candidato do DEM à Prefeitura do Recife, Mendonça Filho, usou as redes sociais nesta sexta-feira (6) para fazer um apelo na tentativa de conquistar mais votos em favor dele, o que chamou de "verdadeiro voto útil contra a esquerda”. A estratégia ocorre um dia após o democrata empatar tecnicamente com Marília Arraes (PT) em segundo lugar na pesquisa Datafolha, atrás apenas de João Campos (PSB).
“Está chegando a hora! No dia 15, o seu voto vai tirar o Recife das mãos de governos de esquerda que há vinte anos se revezam no comando da nossa capital. O legado do PSB e do PT é uma cidade que parou no tempo, capital da corrupção. A nossa vitória vai inaugurar um novo tempo, oportunidade única para levantar nossa cidade”, escreveu o candidato em seu perfil no Instagram.
Na quinta-feira (5), Mendonça já havia recorrido às redes para se colocar como “o nome que pode vencer PSB e PT”, siglas que governam o Recife desde 2000. “Somos o caminho viável pra vencer o PSB e o PT. Depois de vinte anos de domínio da esquerda, vamos juntos ganhar essa eleição”, publicou o ex-ministro da educação.
O chamado ao voto útil feito por Mendonça pode prejudicar os planos da candidata do Podemos, Delegada Patrícia. Dividindo a mesma faixa de eleitorado com o democrata, a delegada, nos últimos dias, foi alvo da campanha de Mendonça por comentários feitos por ela em seu perfil no Facebook. Em uma das publicações, Patrícia chega a associar o nome do Recife à doença sífilis.
Segundo o cientista político e professor da Unicap, José Alexandre, essa estratégia democrata já surte efeito. “A Delegada Patrícia voltou ao quarto lugar e ainda viu sua rejeição superar à de João Campos. Entendendo que isso pode ser ainda mais danoso para Patrícia, Mendonça já atua para angariar os possíveis eleitores da candidata”, afirma.
O especialista lembra ainda que semanas atrás essa era a estratégia de Patrícia, mas foi deixada de lado em virtude dos resultados desfavoráveis à candidata do Podemos. "Até pouco tempo atrás, era a delegada quem pregava o voto útil para chegar no segundo turno. Ela, porém, não contava que os adversários encontrassem publicações suas de 2011 e explorassem isso no guia", pontua o professor. "A partir disso, ela começou a se tornar rejeitada, e Mendonça, que divide eleitores com ela, está aproveitando a oportunidade para tentar reeditar de alguma forma o segundo turno de 2006, quando ele disputou com Eduardo Campos o governo do Estado", completa.
A terceira rodada Pesquisa Datafolha, encomendada pela Rede Globo e pelo jornal Folha de S.Paulo e divulgada nesta quinta-feira (5), mostra o candidato João Campos (PSB) seguindo na liderança na disputa pela Prefeitura do Recife. Ele permaneceu com o mesmo índice de 31% das intenções de voto já registrado da rodada anterior.
O segundo lugar continua indefinido, apesar de Marília Arraes (PT) ter conseguido uma maior folga em relação a Mendonça Filho (DEM). A petista oscilou de 18% para 21% e, considerando a margem de erro máxima de três pontos percentuais para mais ou para menos, está empatada tecnicamente com o democrata, que por sua vez oscilou de 15% para 16% das intenções de voto.
A Delegada Patrícia (Podemos) oscilou negativamente de 16% para 14%. Ela também está em situação de empate técnico com Mendonça. Os demais candidatos não ultrapassaram 2% das intenções de voto cada. O Coronel Feitosa (PSC) seguiu com 2%, Carlos (PSL) e Charbel (PSL) mantiveram-se com 1%.
Cláudia Ribeiro (PSTU) e Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) continuaram com menos de 1%. Thiago Santos (UP) 1%, agora não chegou a pontuar. Por fim, Victor Assis (PCO), que não havia sido citado por nenhum dos entrevistados na rodada anterior, não foi considerado nesta pois teve a sua candidatura indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE).
João Campos (PSB): 31%
Marília Arraes (PT): 21%
Mendonça Filho (DEM): 16%
Delegada Patrícia (Podemos): 14%
Coronel Feitosa (PSC): 2%
Carlos (PSL): 1%
Charbel (Novo): 1%
Nenhum/branco/nulo: 12%
Não sabe/não respondeu: 3%
A Delegada Patrícia (Podemos) foi a candidata que teve maior aumento da rejeição da última rodada para cá, subindo de 15% para 35%. Se na rodada anterior ela era a postulante com a menor rejeição, agora tem a maior, segundo a Datafolha.
Delegada Patrícia (Podemos): 35%
João Campos (PSB): 34%
Mendonça Filho (DEM): 32%
Coronel Feitosa (PSC): 30%
Marília Arraes (PT): 26%
Carlos (PSL): 17%
Thiago Santos (UP): 16%
Charbel (Novo): 16%
Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB): 16%
Claudia Ribeiro (PSTU): 13%
Victor Assis (PCO): candidatura indeferida
Não votaria em nenhum: 4%
Poderia votar em todos: 1%
Não sabe/não respondeu: 4%
Considerando um cenário de segundo turno, João Campos venceria em todos os cenários, com maior folga em relação à Delegada Patrícia. Neste caso, ele está com 50% e ela 31%.
João Campos 43% x 35% Marília Arraes
Em branco/nulo/nenhum: 20%
Não sabe: 2%
João Campos 49% x 33% Mendonça Filho
Em branco/nulo/nenhum: 17%
Não sabe: 2%
João Campos 50% x 31% Delegada Patrícia
Em branco/nulo/nenhum: 17%
Não sabe: 1%
A última rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, divulgada no último dia 29 de outubro, apontou que João Campos permanece à frente na eleição da capital pernambucana. O candidato socialista apareceu com 31% das intenções de voto, variando negativamente dentro da margem de erro em relação ao levantamento do último dia 15 de outubro, quando tinha 33% das intenções.
Considerando a margem de erro do estudo (três pontos percentuais para mais ou para menos) novamente não é possível afirmar quem ocupa a segunda posição na disputa. O empate técnico permanece entre Marilia Arraes (PT), que cresceu quatro pontos percentuais, acima da margem de erro, com 18% das intenções; Delegada Patrícia (Podemos), citada por 16% dos eleitores, e Mendonça Filho (DEM), que recuou cinco pontos percentuais, acima da margem de erro, e aparece agora com 13% das intenções de voto.