Apesar de o candidato a prefeito do Recife, o deputado federal João Campos (PSB), manter a liderança das intenções de votos segundo a quarta rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, divulgada nesta segunda-feira (9), oscilando de 31% para 33% das menções dos entrevistados, no PSB, a expectativa é que ele ainda tenha potencial de crescimento nessa reta final.
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Nas hostes do partido socialista, há indicativos de que esse crescimento na preferência e a queda na rejeição, que foi de 33% para 29%, possam fortalecer a consolidação de um cenário ainda no primeiro turno. Nesta nova rodada do Ibope/JC/Rede Globo, as intenções de voto em João Campos são mais expressivas entre eleitores que avaliam a gestão de Geraldo Júlio como ótima ou boa (54%) e entre os que têm ensino fundamental (45%). Comparando com a pesquisa anterior, o candidato cresce além da margem de erro nestes dois perfis, uma vez que tinha 46% e 37%, respectivamente, em cada um deles.
Entre os entrevistados que se declararam pretos/pardos, João Campos atinge 39%, enquanto os da cor branca são de 34% e os que declararam ser de outra raça/cor, 47%. No recorte por religião, o socialista tem 42% da preferência dos católicos, 37% dos evangélicos e 32% de outras religiões. Procurado pela reportagem, o candidato afirmou através da sua assessoria de campanha, que não irá comentar a pesquisa.
Para o deputado federal Tadeu Alencar (PSB), por mais que pesquisas sejam reflexo de um momento, há evidências que não podem ser descartadas. “São duas questões que têm se repetido, a preferência do recifense por João Campos, que o mantém em média 10 pontos percentuais à frente do segundo colocado. E, contrariando as expectativas de que ele seria um candidato sem conteúdo, nós estamos vendo que sua mensagem tem sido absorvida, e a rejeição está em queda”, declarou o parlamentar ao JC.
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Mesmo que nesta reta final as forças estejam centradas para o primeiro turno, no dia 15 de novembro, o cenário de vitória de João Campos sobre todos os outros candidatos na disputa, é avaliada como uma fator de peso na estratégia de campanha. “Nós temos uma pequena eternidade entre a data de hoje (9) até a eleição, mas nossa perspectiva é que possamos vencer no primeiro turno. Essa interpretação de que ele teria um teto (33%), cede, porque no segundo turno ele ganha de todos. Ainda que o crescimento não tenha ultrapassado de maneira larga, a distância dele é consistente, e o teto de todos continua mantido”, avaliou Alencar.
Em um eventual segundo turno, quando João Campos entra na disputa com a candidata a prefeita pelo PT, a deputada federal Marília Arraes, o socialista venceria com 42% contra 34%. Cenário semelhante a rodada anterior, quando o candidato do PSB obteve 41% contra 34% da deputada federal.
Na disputa contra o candidato a prefeito Mendonça Filho (DEM), o pretenso sucessor do prefeito Geraldo Julio (PSB) venceria com 48% contra 33% do democrata e ex-ministro da Educação. Nesta rodada, o cenário mais acentuado é quando Campos enfrenta a Delegada Patrícia (Podemos), que em outras rodadas foi pontuada como a mais competitiva para disputar com o socialista, mesmo perdendo.
O Ibope/JC/Rede Globo mostra que João Campos venceria com 51% contra 27% das intenções de voto para a Delegada. Para alguns socialistas, o aumento da rejeição da candidata a prefeita pelo Podemos, que passou de 20% para 40%, ainda é reflexo da polêmica envolvendo postagens antigas em seu perfil oficial no Facebook, em que chama a capital pernambucana de “Recífilis”.
E nem mesmo o recente apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a esta altura da corrida municipal, poderia significar uma reversão do quadro. “Acho que o apoio de Bolsonaro foi mais um tiro no pé, porque desagregou a base partidária que ela possui a nível municipal e nacional. Tanto é que vimos o Cidadania afirmar que está saindo da campanha, estamos vendo vereadores retirando apoio. Além disso, Bolsonaro tem uma rejeição alta no Recife”, comentou o deputado federal Danilo Cabral.
Para o parlamentar, que é vice-líder do PSB na Câmara dos Deputados, o resultado desta segunda-feira uma consolidação nos extremos. “Consolida João como líder e acho que ainda é algo ascendente e consolida a queda de Patrícia e isso reflete no índice de rejeição”, afirmou.
A quarta rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo foi realizada entre os dias 7 e 9 de novembro. Foram entrevistados presencialmente 1001 votantes do Recife. A margem de erro máxima estimada é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral com o número PE07456/2020. O levantamento foi encomendado pelo Jornal do Commercio e Rede Globo.
Durante toda a campanha, o candidato a prefeito João Campos (PSB), recebeu duras críticas dos adversários sobre o fato de vincular sua imagem a do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, seu pai, vítima de um acidente aéreo em 2014, e a questão de ter 26 anos e nenhuma experiência em gestão pública. No entanto, nessa reta final da campanha, o socialista mostra que estes tipos de ataques não tem se materializado com impacto negativo entre os eleitores, e passou a reforçar esse discurso.
Nesta segunda-feira, em seu perfil nas redes sociais, foi publicado uma vídeo da campanha em que o socialista reafirma que mesmo jovem, está preparado para assumir a Prefeitura do Recife. "Na vida, não se escolhe hora para encarar as missões. Se estamos no lugar certo, quando elas chegam, a decisão é encarar, estar preparado para vencer todos os desafios. Pode confiar, eu estou pronto para ser o novo prefeito da cidade do Recife", afirmou.
Um dia antes, João Campos também soltou um vídeo em que mostra a herança política de seu pai, e também do seu bisavô, o ex-governador do Estado, Miguel Arraes, afirmando que a comparação entre eles seria inevitável. "Tive os melhores professores, e um em especial me emociona: meu pai, meu amigo, minha referência. Cada dia mais forte para fazer valer para o Recife tudo o que aprendi, trilhando o meu próprio caminho", declarou o socialista.