Matéria atualizada às 14h42
Candidato a prefeito do Recife pela Frente Popular, o deputado federal João Campos (PSB), participou nesta terça-feira (10), do debate entre os prefeituráveis promovido pela TV Jornal. O socialista defendeu a gestão do prefeito Geraldo Julio, prestes a completar oito anos a frente da administração municipal, endureceu o tom sobre o PT, e reforçou que tem capacidade para tirar projetos importantes do papel a partir do próximo ano, caos eleito. João Campos mantém a liderança das intenções de voto, com 33%, segundo a quarta rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, além de vencer todos os adversários em um eventual segundo turno. No entanto, a segunda colocação ainda não está definida, sendo disputada por Marília Arraes (21%) e Mendonça Filho (DEM), com 17% das intenções.
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No primeiro bloco do debate, em que os candidatos poderiam fazer perguntas entre si com o tema livre, João Campos teve que responder ao questionamento feito pela candidata a prefeita, a deputada federal Marília Arraes (PT), se confiava na equipe que administra atualmente a Prefeitura do Recife.
Um dos pontos colocados pela petista, foi a polêmica envolvendo os respiradores testados em porcos, cuja aquisição entre a PCR e a empresa que forneceria o equipamento foi suspensa, e as seis operações da Polícia Federal que investigam supostos contratos irregulares firmados pela Secretaria de Saúde do Recife para a aquisição de medicamentos, insumos hospitalares e equipamentos de proteção que seria utilizados no enfrentamento a covid-19.
Em sua resposta, João Campos defendeu o legado do prefeito Geraldo Julio (PSB), afirmando que a cidade conquistou muitos avanços como a implantação da Faixa Azul, Upinhas, Academia Recife, Hospital da Mulher. "Eu confio em Geraldo Julio, conheço sua história, conheço sua dignidade. Uma pessoa que tem o mesmo padrão de vida há 30 anos, uma pessoa decente. Mas, eu estou aqui para poder construir minha história, para fazer do meu jeito, como eu acredito. Ouvindo sempre, sempre temos que ter humildade para ouvir, de construir uma frente como construímos, uma das três maiores frentes do Brasil", declarou.
O socialista citou, entre suas promessas de governo, a proposta do programa Crédito Popular, que irá beneficiar 10 mil empreendedores, com créditos de R$ 3 mil reais a juros de 0.99%. O projeto é tido como um dos grandes carros chefes da campanha de João Campos, e foi prontamente criticado por Marília Arraes.
"A atenção básica a saúde não funciona, não funciona o apoio ao microempresário e agora vem propor emprestar dinheiro a juros, prefeitura não é agiota. Abandona o povo a oito anos, recicla promessas e vem tentar enganar o povo do Recife de novo. Não é assim que funciona, não vai dar certo eternamente esse modelo que o PSB tem de montar um candidato formado pelo marketing e de repente jogar as pessoas para votar nele", declarou.
Na oportunidade de fazer sua tréplica, João Campos foi enfático: "É de causar estranheza uma candidata do PT falando de corrupção". E continuou: "O Recife fez o dever de casa, construiu sete hospitais de campanha em 45 dias. Inclusive, a aquisição de respiradores, todos os partidos aqui votaram favoráveis ao projeto de lei na Câmara dos Deputados que flexibilizava as normativas da Anvisa para poder adquirir medicamentos e equipamentos durante a pandemia", afirmou.
Sobre o Crédito Popular, o socialista sugeriu que a deputada federal pudesse "estudar mais", já que a Resolução de Bacen, proíbe que os municípios concedam empréstimos. "É impossível fazer isso sem juros. É preciso fazer isso via uma agência estadual, com algum banco, você não pode prometer o que não dá para cumprir. Nós vamos ajudar sim a gerar emprego e renda, com muita seriedade nas propostas. Aqui não queremos enganar ninguém não. A gente sabe fazer conta, e priorizar quem mais precisa da nossa cidade", pontuou.
Ainda na primeira rodada de perguntas e respostas entre os candidatos, João Campos se dirigiu a Mendonça Filho para falar sobre as propostas que o democrata teria para reduzir a taxa de emprego no Recife. Em sua fala, o ex-ministro da Educação disse que faria "tudo diferente do que foi feito por Geraldo Julio".
Ele usou como exemplo a capital da Bahia, Salvador, que criou um programa específico para quem vive do empreendedorismo, beneficiando cerca de 20 mil pequenos empresários. "Aqui não teve nenhuma assistência do governo do Estado e da prefeitura, a marca do PSB é perseguir o cidadão, a cidade tem a maior carga tributária do Norte/Nordeste. A gente criaria um ambiente onde a prefeitura pudesse reduzir a carga tributária e auxiliar o pequeno empreendedor.", declarou Mendonça.
Após ouvir as críticas, João Campos também não deixou de alfinetar o adversário acusando-o de trazer dados falsos sobre a taxa de emprego da capital baiana. "É impressionante como o candidato Mendonça fala mais de Salvador, do que do Recife, e traz informações falsas. A capital do desemprego do Nordeste é Salvador, o senhor deveria ver a divulgação da última PNAD Contínua do primeiro trimestre, que aponta Salvador com 17,5% de desempregados. Esse número é superior aos dados do Recife", disparou.
Ainda segundo Campos, a maior carga tributária também é de Salvador, quando comparado ao PIB das cidades. "A regularização do IPTU e o aumento anual é de uma lei de 2000, do seu partido Mendonça. Então é importante fazer um debate limpo e verdadeiro com as pessoas", completou.
No segundo bloco, os candidatos à Prefeitura do Recife escolhiam a quem deveria direcionar seus questionamentos de acordo com o tema sorteado. O candidato e ex-ministro da Educação, Mendonça Filho, escolheu João Campos para falar sobre questões da gestão metropolitana.
Para o socialista, é importante que seja feito um diálogo com os municípios vizinhos e que compõe a Região Metropolitana do Recife, a respeito de temas como saneamento básico e saúde. "Vocês sabem que saneamento não pode ser um privilégio, mas um direito. Por isso anunciamos o aumento em 50% da cobertura da nossa cidade, priorizando as comunidades de interesse social", afirmou.
"A gente vai começar por quem precisa e não por quem tem mais dinheiro. A gente vai fazer isso, inclusive, fazendo as ligações hidro sanitárias, da casa para a rede coletora, e as famílias de baixa renda serão isentas de pagar a taxa de esgoto" completou.
No entanto, Mendonça Filho não poupou críticas a João Campos e seu partido, relembrando que o atual prefeito fez a mesma promessa em 2012, quando saiu candidato a prefeito pela primeira vez, de entregar a capital com 50% da cobertura de saneamento básico. "Não entregou nada. João vem agora repetir uma promessa de oito anos atrás, quem é que vai acreditar?. Ta aí o Sistema de Saneamento Básico do Cordeiro, para atender a sete bairros, abandonado na Zona Oeste do Recife. Não só Cordeiro, Iputinga e outros bairros da cidade. João não tem moral e condições de defender uma proposta como essa. Cerca de 150 mil pessoas no Recife vive o sofrimento da falta de água, que a Compesa não consegue abastecer as casas dos nossos cidadãos", declarou o democrata.
Coube a Campos em sua tréplica, defender mais uma vez a gestão do PSB. "Nós vamos focar sim no saneamento, porque como eu disse, não pode ser um privilégio. Eu estudei sobre isso Mendonça, sou engenheiro civil, sei como a gente faz. A gente sabe fazer conta, sabe tirar projeto do papel. Foi a gente que tirou vários projetos importantes do papel em Pernambuco nos últimos anos e vamos poder avançar muito mais", afirmou o socialista. Ainda segundo a proposta do prefeiturável, haverá também a duplicação dos pontos de entrega voluntária seletiva, e dos ecopontos para os lixos de maior tamanha, promovendo dessa forma a destinação correta dos descartes.