Na corrida pela Prefeitura do Recife, o Datafolha mostrou que o deputado federal João Campos (PSB) tem o apoio de um terço do eleitorado na véspera da eleição, projetando sua ida ao segundo turno da disputa. A segunda vaga, porém, ainda está indefinida entre Marília Arraes (PT) e Mendonça Filho (DEM).
Campos lidera com 34% dos votos válidos, que excluem brancos, nulos e indecisos. Marília vem atrás com 25%, seguida de Mendonça, que tem 23%. Eles estão tecnicamente empatados. Em queda, a Delegada Patrícia Podemos) aparece com 13% dos votos válidos.
O Datafolha ouviu presencialmente 1.750 eleitores nos dias 13 e 14 de novembro. A pesquisa, feita em parceria entre a Folha de S.Paulo e a Rede Globo, tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Ela foi registrada no TRE-PE com o número PE05321/2020.
Considerando-se os votos totais, Campos tem 30%, Marília, 22%, Mendonça, 20%, e Delegada Patrícia, 11%. Disseram que pretendem votar em branco ou nulo 9% dos entrevistados, e 4% não souberam responder.
Apesar de Marilia ter maior percentual de eleitores, Mendonça atrai mais eleitores-pêndulo de um modo geral, inclusive os de Patrícia, o que pode equilibrar ainda mais a disputa pelo segundo lugar se a migração se concretizar.
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“Esta pesquisa divulgada a poucas horas da eleição pode influenciar o voto dos eleitores mais à direita, que pode pensar: ‘Delegada Patrícia não tem chance, vou de Mendonça para impedir uma disputa entre PT e PSB’. Essa migração deve acontecer certamente. Pode não ser intensa e significativa, mas tem capacidade de colocá-lo um pouco mais à frente”, afirma a cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho) Priscila Lapa. “Então, Mendonça tem boas chances ainda de chegar no segundo turno e podemos nos surpreender com a operação desse voto útil no democrata, migrando de Patrícia para ele”, emenda.
Na mesma linha o cientista político Alex Ribeiro diz que o voto útil é o que mantém a chance da direita chegar à segunda etapa do pleito. “Se continuarem dividindo os votos nenhum dos candidatos deste segmento chegará ao segundo turno. Como está na frente entre os conservadores, Mendonça Filho adotará essa estratégia até o fim do dia da eleição”, aposta ele.
A delegada, que chegou a embolar a disputa pela segunda vaga, viu sua rejeição disparar e as intenções de voto diminuírem. De acordo com o cientista político José Alexandre, professor da Unicap, isso acontece primeiro por conta da repercussão de postagens em redes sociais sobre a população da cidade, depois pelo apoio declarado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que aprofundou sua reprovação.
“A delegada não esperou a poeira das postagens abaixar e acenou logo para o presidente, que tem uma desaprovação gigante no Recife. Somado a isso, a alta rejeição da própria Patrícia mostra que ela já chegou onde poderia, que atingiu o teto. Portanto, não consigo vislumbrar um eventual segundo turno com ela”, pontua o especialista.