'Não há racismo no Brasil', afirma Mourão um dia após homem negro ser morto em supermercado de Porto Alegre

A vítima, João Alberto Silveira Freitas, foi agredida por um segurança e um policial militar temporário, após uma discussão no caixa do supermercado
JC
Publicado em 20/11/2020 às 17:10
Para Mourão o Brasil não é racista e sim outros países, como os Estados Unidos Foto: Foto: Exército brasileiro


Nesta sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que não existe racismo no país. É válido lembrar que a declaração se deu um dia após um homem negro ser espancado até a morte por um segurança e um policial de serviço na rede de supermercados Carrefour, em Porto Alegre.

"Digo com toda a tranquilidade: não existe racismo no Brasil. É uma coisa que querem importar, mas aqui não existe", disse Mourão. Apesar da fala do vice-presidente é importante perceber que mesmo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontando que mais de 50% da população brasileira se considera preta ou parda, poucas delas conseguem ascender socialmente. Sendo os brancos ocupantes de espaços de poder.

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Para Mourão, a abismo de desigualdade existente no Brasil se dá a uma série de problemas, não especificamente ao racismo. "Aqui, o que você pode dizer é que existe desigualdade. Temos uma brutal desigualdade fruto de uma série de problemas", afirmou.

Expressão de cunho racista

Além das afirmações citadas acima, Mourão, ao afirmar que o racismo está presente em outros países, mas não Brasil, utilizou a expressão de cunho racista "pessoal de cor".

"Morei dois anos nos Estados Unidos, racismo tem lá. Na minha escola, o 'pessoal de cor' andava separado. Isso eu nunca tinha visto no Brasil. Saí do Brasil, fui morar lá, era adolescente e fiquei impressionado com isso aí,. Mais ainda, o pessoal de cor sentava atrás do ônibus, não sentava na frente do ônibus. Isso é racismo, aqui não existe isso", falou.

 

Entenda o caso

João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi morto após uma série de agressões em um supermercado da rede Carrefour em Porto Alegre. Ele teria discutido com a caixa do mercado antes de ser conduzido por um dos seguranças do estabelecimento até o estacionamento do local, onde começaram as agressões. Uma outra funcionária do mercado, junto com um cliente, policial militar temporário, acompanharam o deslocamento. Segundo a funcionária do supermercado, João Alberto teria desferido um soco contra o PM durante o percurso, e por isso, tanto o policial militar temporário, quanto o segurança, começaram a agredi-lo. 



 

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