Nesta sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que não existe racismo no país. É válido lembrar que a declaração se deu um dia após um homem negro ser espancado até a morte por um segurança e um policial de serviço na rede de supermercados Carrefour, em Porto Alegre.
"Digo com toda a tranquilidade: não existe racismo no Brasil. É uma coisa que querem importar, mas aqui não existe", disse Mourão. Apesar da fala do vice-presidente é importante perceber que mesmo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontando que mais de 50% da população brasileira se considera preta ou parda, poucas delas conseguem ascender socialmente. Sendo os brancos ocupantes de espaços de poder.
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Para Mourão, a abismo de desigualdade existente no Brasil se dá a uma série de problemas, não especificamente ao racismo. "Aqui, o que você pode dizer é que existe desigualdade. Temos uma brutal desigualdade fruto de uma série de problemas", afirmou.
Além das afirmações citadas acima, Mourão, ao afirmar que o racismo está presente em outros países, mas não Brasil, utilizou a expressão de cunho racista "pessoal de cor".
"Morei dois anos nos Estados Unidos, racismo tem lá. Na minha escola, o 'pessoal de cor' andava separado. Isso eu nunca tinha visto no Brasil. Saí do Brasil, fui morar lá, era adolescente e fiquei impressionado com isso aí,. Mais ainda, o pessoal de cor sentava atrás do ônibus, não sentava na frente do ônibus. Isso é racismo, aqui não existe isso", falou.
João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi morto após uma série de agressões em um supermercado da rede Carrefour em Porto Alegre. Ele teria discutido com a caixa do mercado antes de ser conduzido por um dos seguranças do estabelecimento até o estacionamento do local, onde começaram as agressões. Uma outra funcionária do mercado, junto com um cliente, policial militar temporário, acompanharam o deslocamento. Segundo a funcionária do supermercado, João Alberto teria desferido um soco contra o PM durante o percurso, e por isso, tanto o policial militar temporário, quanto o segurança, começaram a agredi-lo.