Ibope/JC/Rede Globo: empate técnico entre Marília Arraes (PT) e João Campos (PSB) deve ampliar ataques, com foco nos indecisos, brancos e nulos

Na reta final do segundo turno, o candidato do PSB conseguiu reverter situação, aparecendo numericamente à frente de Marília Arraes, mas ainda em empate técnico
JC
Publicado em 26/11/2020 às 6:00
Pesquisa Ibope/JC/Rede Globo para segundo turno no Recife entre João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) Foto: Montagem sobre foto/Arnaldo Carvalho/JC Imagem


O candidato João Campos (PSB) e a candidata Marília Arraes (PT) estão tecnicamente empatados na disputa pela Prefeitura do Recife. De acordo com a segunda rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo para o segundo turno, divulgada ontem (25), João Campos passou de 39% para 43% das intenções de voto, e Marília Arraes foi de 45% para 41%. A diferença entre ambos é de apenas dois pontos percentuais, inferior à margem de erro máxima estimada da pesquisa: três pontos percentuais para mais ou para menos. Diferente do início do segundo turno, quando um lado administrava a vantagem e outro lado partia para o ataque, as duas campanhas agora devem reforçar um posicionamento de desconstrução do candidato opositor. Para além do tomada de votos entre eles, a poucos dias da eleição, ainda é preciso haver um esforço em busca dos indecisos e das intenções de voto branco ou nulo, que representam 15% do eleitorado. Um bom desempenho nessa atração de votos, segundo cientistas políticos, tem espaço para se tornar o fiel da balança num pleito tão disputado. 

A pesquisa foi realizada de forma presencial entre os dias 23 e 25 de novembro de 2020. Foram entrevistados 1.001 votantes do Recife. A margem de erro máxima estimada é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com o nível de confiança de 95%. O levantamento, contratado pelo Jornal do Commercio e Rede Globo, está registrado no Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco sob o protocolo Nº PE04600/2020.

Artes JC - pesquisa 2 do segundo turno

Assim como na primeira rodada da pesquisa, os votos brancos e nulos continuam somando 15%. Os votantes que não sabem ou preferem não responder totalizam 2%. Excluindo-se os votos brancos e nulos, João Campos continua numericamente à frente, com 51% dos votos válidos. Já a candidata do PT soma 49% dos votos válidos, resultado que também os mantém em empate técnico. Na votação espontânea, quando não é informado o nome dos candidatos, João Campos tem 40%. Marília Arraes, 38%. Brancos e nulos nesse cenário somam 18%. Não sabe ou não respondeu, 4%.

“Mais do que nunca tem de se buscar esses 15%. A diferença é muito sutil. Se olharmos dentro da margem de erro, basta 2% do eleitorado evangélico não ir votar que pode mudar significativamente, por exemplo, um resultado para João Campos, que lidera as intenções de voto nesse extrato. O resultado muito apertado. Num contexto muito acirrado da disputa, traz a esses 15% a possibilidade de ser o fiel da balança, sim, fora a abstenção. Os candidatos precisam manter, além das estratégias, o entusiasmo do eleitor para ir votar. O que a gente pode ler é que um tirou (voto) do outro até então. Eles não conseguiram ainda convencer esse pessoal mais do meio a votar neles”, avalia a cientista política Priscila Lapa.

Busca dos votos

Nos últimos dias, a candidata petista foi alvo mais forte de uma desconstrução do seu perfil, tendo aliado a isso o anti-petismo, investido contra seu partido. Essa tática de desconstrução é apontada como um dos principais fatores para uma virada do candidato socialista vide o primeiro resultado da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, e deverá ser o caminho adotado a partir de agora também pela própria Marília, contra o PSB, em busca da reconquista de votos que perdeu para Campos.

“É preciso analisar com muito cuidado o que vai acontecer nas próximas 72 horas. Não acho que não exista nenhuma munição contra João Campos porque ele não tem experiência administrativa. Vamos ver se ela (Marília) tem carisma e meios políticos para reverter isso ou se João tem condições de manter essa dianteira. Eu diria que tem pouco espaço para mudança em relação aos brancos e nulos. Você não tem praticamente nenhum indeciso daquelas pessoas que vão votar", afirma o cientista político e professor da Faculdade Damas Elton Gomes.

Ele emenda que haverá uma quantidade muito grande de votos não-válidos: "Pessoas que vão justificar, votar em branco ou nulo e pessoas que não vão fazer as duas coisas. Esse grupo é difícil de você convencer com qualquer uma das candidaturas, mas ainda assim haverá apelos. Qualquer pequena vantagem pode ser decisiva”.

O número de votantes que declaram poder mudar o voto é de apenas 14%. Aqueles que dizem ter tomado uma decisão definitiva somam 81%. De acordo com os dados do levantamento, 38% não votariam de jeito nenhum em João Campos, enquanto 41% têm o mesmo posicionamento em relação à Marília Arraes.

“Os candidatos disputam votos da centro direita que é o grande percentual de indecisos, ainda sem preferência por alguém após a saída da direita da eleição. Esses que votaram em Mendonça (Filho, DEM) e Patrícia (Domingos, Podemos) ainda não decidiram de quem será o destinatário do voto, e isso confirma que o segundo turno é decidido pela rejeição, você vota no candidato que compete com quem você quer evitar a qualquer custo. Há o eleitor que pensa não haver campo de mudança, com João e Marília sendo equivalentes. Esse eleitor dificilmente será convertido, só com uma grande campanha de desconstrução sendo realizada”, explica o cientista político e professor da UFPE Arthur Leandro.

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