O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 3,4% em 2021 depois de passar por uma queda que deve ficar em 4,8% este ano, segundo o superintendente de Pesquisa Macroeconômica do Santander Brasil, Maurício Oreng, e o economista do Santander Brasil Lucas Maynard. O que vai impulsionar a retomada do crescimento é a reabertura da economia. "A base de 2020 é muito baixa. Há um carrego estatístico de 2%. Isso significa que é como se o País fosse crescer 1,4% no próximo ano ", explica Lucas Maynard. De uma forma grosseira, carrego estatístico é quanto um ano já indica de crescimento para o próximo ano. A queda da economia deste ano ocorreu por causa da grande crise sanitária/econômica provocada pelo coronavírus.
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Maynard explica que, em 2021, há uma tendência dos serviços impactarem positivamente a economia, porque devem voltar a funcionar com mais vigor depois da vacina do coronavírus. "Os serviços foram muito afetados pela pandemia e isso trouxe reflexo no mercado de trabalho. Tanto a pessoa de baixa renda como a de classe alta, quem deixou de consumir serviços, não vai mais comprar. Ninguém estoca serviço", comenta. Até agora, muitas atividades da área de serviços não voltaram aos patamares existentes antes da crise sanitária.
Ambos os economistas acreditam que o desempenho dos serviços passará a ser melhor na economia a partir do primeiro trimestre de 2021. "Este ano, os serviços vão ter um desempenho muito fraco impactado pelo distanciamento social", afirma Maurício Oreng.
Importante para o País voltar a crescer, segundo os economistas, é cuidar do regime fiscal e manter o teto de gastos. Desde pelo menos 2015, o Brasil vem gastando mais do que arrecada e isso dá uma péssima sinalização ao mercado. "Se forem implementados gastos sociais têm que ficar dentro do teto dos gastos. A questão fiscal é fundamental e tem influência sobre a perspectiva de crescimento de 2021", comenta Lucas. Ele argumenta que o descontrole da questão fiscal vai implicar numa contração da atividade econômica.
Em 2021, mesmo o PIB crescendo mais, a expectativa é de que ocorra uma redução de 8% da massa salarial após um crescimento de 4% este ano. De acordo com os economistas, os programas de transferência de renda, como o auxílio emergencial, fizeram a base da massa salarial de 2020 ficar alta. "Caso não tivesse sido pago o auxílio emergencial, a massa salarial cairia 6% em 2020 e teria um crescimento de 2,6% em 2021", revela.
A volta do mercado de trabalho ao normal vai acontecer de forma lenta, de acordo com Lucas. A expectativa é de que, o próximo ano, apresente uma média de desemprego em 16,1%, chegando em dezembro com 15,8%. Em dezembro de 2019, o desemprego estava em 11,3%. "O retorno ao patamar pré-crise só deve ocorrer em 2022", conclui.