Eleição no Senado e pressão de opositores devem dificultar chegada de Baleia Rossi à presidência da Câmara

Formalmente, 11 partidos apoiam a postulação do emedebista, mas mesmo dentro desse bloco há um grande número de parlamentares que resistem ao nome dele
JC
Publicado em 24/12/2020 às 11:25
DISSIDENTES Maia escolheu Baleia Rossi como candidato, mas precisa vencer entraves para elegê-lo Foto: CLEIA VIANA/CÂMARA DOS DEPUTADOS


Mesmo sendo escolhido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), como seu candidato à sucessão na eleição da mesa diretora da Casa em 2021, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, terá muito trabalho para transformar esse apoio em votos. Formalmente, 11 partidos (DEM, PT, PSL, MDB, PSDB, Cidadania, PV, PSB, PDT, PCdoB e Rede) apoiam a postulação do emedebista, mas mesmo dentro desse bloco há um grande número de parlamentares que resistem ao nome dele, que pode ver dissidências registradas até mesmo no partido de Maia.

Segundo informações da Folha de S. Paulo, uma das razões que levaram os democratas a apoiar a candidatura de Baleia Rossi à presidência da Câmara foi a tentativa de minimizar as chances de o MDB lançar um nome próprio para concorrer ao comando do Senado, uma vez que o DEM vai investir em Rodrigo Pacheco (DEM) para o cargo. Na última quarta-feira (23), no entanto, o líder do MDB na Casa Alta, Eduardo Braga, afirmou ao jornal que a sigla deve, sim, entrar no páreo.

“A bancada do MDB no Senado está tratando da candidatura em relação à instituição Senado. Nada tem a ver com a construção da candidatura do Baleia na Câmara, que ocorreu em função de um bloco que vai se opor a uma candidatura do governo”, disse Braga. Nomes como os do senador pernambucano Fernando Bezerra Coelho (MDB), líder do governo no Senado, e da senadora Simone Tebet (MDB), presidente da Comissão de Constituição e Justiça, seriam cotados para disputar a sucessão de Davi Alcolumbre (DEM).

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Além dos ruídos dentro do DEM - que contam ainda com a insatisfação de parte da bancada com o alinhamento do partido com o PT nesta questão -, Rossi também tem sofrido rejeição no PSB, que segue dividido entre o apoio à sua candidatura e a aposta em Arthur Lira (PP), defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o posto. Após a oficialização, ontem (23), de Rossi como candidato do chamado centro democrático da Casa Baixa, o deputado Julio Delgado (PSB) usou o Twitter para cobrar do dirigente emedebista posicionamento mais incisivo com relação ao governo federal.

“Como presidente nacional do MDB, o candidato Baleia Rossi deve determinar a imediata renúncia dos líderes do governo Bolsonaro no Congresso e no Senado, que são do seu partido. Se não fizer isso, a Câmara livre é só slogan de campanha”, escreveu Delgado. Um dos principais argumentos dos deputados de esquerda que são contra o apoio dos seus partidos à candidatura de Baleia Rossi é que o MDB estaria tão alinhado com Bolsonaro quanto o PP de Lira, tanto que possui cargos no governo.

Para tentar reverter a resistência que possui entre socialistas, Rossi esteve em Pernambuco na quarta-feira para uma reunião com o governador Paulo Câmara, que também é vice-presidente nacional do PSB, e Rodrigo Maia. Líder do PDT na Câmara, Wolney Queiroz participou do encontro e afirmou que “o momento agora é de juntar partidos, não votos”, mas que a discussão sobre o espaço que o MDB ocupa no governo federal deverá entrar em pauta no futuro.

“Vai chegar o momento de haver essa discussão. O dia da escolha foi ontem, só agora o centro democrático bateu o martelo em torno do nome de Baleia Rossi. Só que os partidos de esquerda que estão com ele fazem parte, também, de outro grupo na Câmara, de oposição, que ainda não conversou com o candidato escolhido. No próximo mês ele deve sentar com as bancadas, visitar governadores e aí sim esse tema deve ser debatido”, pontuou Wolney.

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