“O PSB faça como ele quiser, mas também conter a sangria de insatisfação de deputado estadual, de prefeito e de vereador, eu não contenho mais”. A frase é do deputado federal Sebastião Oliveira sobre a insatisfação do partido Avante com relação ao tratamento dado pelo PSB, principalmente no Governo do Estado. Diante da promessa feita pelo governador Paulo Câmara (PSB) de que neste mês de janeiro faria os “ajustes necessários” dentro da administração, o Avante ainda aguarda ser chamado para conversar.
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“Sei que eles já conversaram com os presidentes de outros partidos, a gente conversa entre a gente, não existe nada escondido na política, mas até o momento não conversou com o Avante”, explica Oliveira, ao JC. Ele foi titular da Secretaria de Transportes até 2017, na primeira gestão do governador.
A insatisfação do Avante veio a público, através de uma nota do presidente do partido no Recife, Rodolfo Albuquerque, explicando que essa perda de espaços já era notada a partir do segundo mandato de Câmara. ”Sebastião, Waldemar (Oliveira) e todos nós do grupo do Avante jamais faltamos ou faltaremos a Pernambuco e ao Recife, mas, em certos momentos, é humilhante enxergar os espaços que nos são direcionados, especialmente em âmbito estadual”, dizia a nota, divulgada pelo Blog de Edmar Lira.
Sobre o comunicado, Sebastião Oliveira, que é irmão do presidente estadual do Avante, Waldemar Oliveira, afirmou que ele não havia sido autorizado e deixou claro que não pretende romper com o PSB. “Se essas cobranças, não por minha vontade, mas pelas cobranças que os deputados, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, fazem a nós, e chegaram a imprensa, é porque houve promessas. Houve promessas do governador e dos secretários dele de que, quando rodasse a chave, esses espaços seriam refeitos e compensados”, afirmou o parlamentar.
Com relação a Prefeitura do Recife, Sebastião não aponta qualquer tipo de problema ou adversidade na forma como o prefeito João Campos tem acomodado os partidos da base. “Está tudo resolvido. O prefeito tem sido atencioso, transparente, correto. Ele tem pedido ajuda no momento e acho que todos os presidentes de partido tiveram essa compreensão de que ele está entrando agora e precisa fazer alguns cortes”, frisou o parlamentar.
Por fim, Sebastião Oliveira lembra que o partido se fortaleceu nas últimas eleições. “Não tínhamos nenhum prefeito e agora elegemos 10, temos 114 vereadores, sendo dois no Recife. Além de um conjunto de forças com três deputados estaduais, um dos deputados federais mais votados, dos que já tinham mandato. Se com tudo isso não consegue ser contemplado no Governo do Estado, o preço a se pagar com o tempo é o peso que eles vão dar o partido”, disparou. O deputado do Avante afirma que deixará livre os membros do partido para assumirem seus posicionamentos como acharem melhor, mas que sempre manteve uma relação de carinho para manter o bloco unido de forma coesa.
O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, afirmou que o governador tem conversado com diferentes lideranças dos partidos, minimizando possíveis atritos e desgastes. “Vai prevalecer o diálogo, mas a demanda sempre vai existir porque são partidos grandes, importantes no cenário estadual. Eles tem muitos parlamentares e prefeitos, com demandas de toda ordem, mas o governador vai saber conduzir esses diálogos", destacou o dirigente socialista ao JC.
Ainda segundo Guedes, mesmo com estas demandas, o PSB sabe que a responsabilidade dos partidos que compõem a Frente Popular (do Recife e de Pernambuco) "é muito maior com o projeto coletivo que está sendo implantado há tantos anos no Estado, com a importante colaboração de todos eles". Procurada pela reportagem, a assessoria do Palácio do Campos das Princesas, afirmou que não irá comentar o assunto.