Bancada socialista

Danilo Cabral assume liderança do PSB na Câmara dos Deputados em meio a racha na bancada

Ao assumir o cargo de líder, o socialista promete que irá intensificar a oposição contra o governo do presidente Jair Bolsonaro

Cadastrado por

Mirella Araújo

Publicado em 03/02/2021 às 19:23 | Atualizado em 03/02/2021 às 21:36
LÍDER Segundo Danilo Cabral, PSB adota a estratégia de consolidar uma frente ampla contra Bolsonaro - CHICO FERREIRA/DIVULGAÇÃO

O deputado federal Danilo Cabral (PSB) assumiu a liderança da bancada socialista na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (2), em meio a um clima de tensão entre seus correligionários. Há rumores de que ele teria agido de forma equivocada ao assumir o posto de líder, ocupado até então pelo deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), um dia antes do que havia sido acordado em um documento, apontando para esta quarta-feira (3).

No entanto, alguns socialistas ponderam que a atitude foi necessária diante da anulação da eleição da Mesa Diretora, nessa segunda-feira (1º), determinada pelo novo presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL) em seu primeiro ato no cargo. Eles também descartam qualquer possibilidade de Cabral ser destituído da liderança, fruto de um acordo feito no ano passado. 

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“Quando esse acordo foi feito, ninguém imaginava que a eleição da Mesa seria anulada em grande parte. O fato de ter tido uma nova eleição, remarcada para hoje (quarta-feira), trouxe muitas mudanças com indicações de novos representantes pelos partidos e todo o processo interno também foi alterado. Por isso, Danilo teve que antecipar algumas horas a sua indicação, a apresentação da lista com a maioria dos que apoiaram sua indicação foi uma necessidade”, afirmou o deputado federal Milton Coelho (PSB), ao JC.

Com a apresentação da lista assinada por 17 nomes do PSB, o que significa a maioria da bancada, Danilo Cabral participou da reunião do colégio de líderes com o novo presidente da Casa para tratar das novas indicações para compor a Mesa Diretora. " Se o Danilo não participasse da reunião, ele teria que administrar os efeitos colaterais de todas as indicações sem ter participado delas. Seria pior para o partido", avalia Coelho. 

O deputado federal Gonzaga Patriota (PSB) também acredita ser pouco provável que as conversas paralelas sobre um suposto movimento para trazer de volta Molon para a liderança, ganhem corpo.  “Toda bancada fez um acordo com para que Molon ficasse um ano na liderança e depois Danilo Cabral assumisse por mais um ano. Nós temos um compromisso agora, com Danilo. Isso não tem força”, declara o parlamentar. 

Desde que se iniciou a discussão sobre a eleição da presidência da Casa, a bancada do PSB, composta por 30 parlamentares, se dividiu entre os que apoiavam a candidatura do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) e os que declararam votos a postulação do deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP). O Diretório Nacional do PSB chegou a recomendar que os parlamentares socialistas não votassem "em hipótese alguma em candidatos apoiados pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), posteriormente, o então líder do partido anunciou que o PSB integraria o bloco em prol de Baleia Rossi. 

Acontece que vários deputados não ficaram satisfeitos com a condução de Molon, afirmando que a decisão não foi fruto de uma reunião de bancada. Danilo Cabral, inclusive, chegou a assinar uma lista junto com mais 14 deputados, cobrando a comprovação da  maioria favorável a Rossi que justificasse o ingresso ao bloco. Além disso, diversas queixas foram feitas sobre a ausência de uma reunião de bancada para tratar do tema e tentar unificar os posicionamentos. No dia 1º de fevereiro, Cabral declarou que votaria em Baleia Rossi, mesmo defendendo a tese de que a oposição deveria ter apresentado candidatura própria.

Nos bastidores, conforme apurado pelo JC, alguns socialistas apontam essa provocação, por uma possível destituição do socialista pernambucano, como uma questão de "vaidade" de Molon, por ele desejar permanecer no posto e ter o protagonismo nas decisões. Há quem também aponte que Molon sofreu três derrotas e por isso estaria encabeçando esse movimento de destituição de Cabral. A primeira seria pelo resultado da eleição da presidência da Câmara, com a vitória de Arthur Lira; a segunda foi a sucessão na liderança da bancada, e a terceira teria sido a vitória de Cássio Andrade (PSB-PA) como suplente de secretário de Mesa. 

LIDERANÇA

 O novo líder do PSB na Câmara Federal, o deputado Danilo Cabral, foi procurado pela reportagem para tratar do tema, mas até a publicação desta matéria não houve retorno. Mais cedo, a assessoria do parlamentar enviou uma nota sacramentando sua liderança e afirmando que ele assume o compromisso de intensificar a oposição ao governo Bolsonaro. 

“Esse será um ano desafiador e precisamos estar mais organizados, mobilizados e conscientes dos combates que precisaremos travar. Somos de um partido de oposição, mas acredito no diálogo. Pretendemos exercer a liderança construindo mais pontes do que muros. A situação do país exige de nós grandeza, desprendimento e compromisso com o povo que está sofrendo. Temos que focar na solução dos problemas, acima das disputas partidárias”, declara Danilo Cabral.

O parlamentar também defende que a Câmara dos Deputados, no início desta nova Legislatura, acompanhe o andamento da vacinação e coloque, urgentemente, em pauta o auxílio emergencial. Ele é a favor da renovação do pagamento do benefício pelos próximos seis meses. "Não restam dúvidas de que as mais de 225 mil vítimas fatais do Coronavírus, também são vítimas de Bolsonaro. Seja por incompetência, pelo mau uso do dinheiro público ou pela ação deliberada para desmobilizar as ações de combate a Covid-19, ele deve ser responsabilizado por suas atitudes”, disse.

O deputado destacou a atuação do antigo líder, Alessandro Molon, à frente da bancada ao longo do ano passado. “Espero dar continuidade ao trabalho iniciado por ele, que exerceu a liderança com muita responsabilidade, quando as crises sanitária, econômica e social exigiram do Congresso Nacional, e consequentemente de seus líderes, respostas à altura dos desafios impostos”, afirmou. E agradeceu a confiança de seus pares e do presidente do partido, Carlos Siqueira.

 

 

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