Crítico à atuação de ONGs internacionais no Brasil, o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo afirmou que o governo Jair Bolsonaro está equivocado na agenda do meio ambiente, mas isso não justificaria a "intromissão" estrangeira nos assuntos relacionados à Amazônia. Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta quinta-feira (22), Aldo falou sobre a Cúpula de Líderes sobre o Clima, que tem como anfitrião o presidente americano Joe Biden. O discurso de abertura ficou sob a responsabilidade da vice-presidente Kamala Harris.
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"Existem erros, equívocos do governo Bolsonaro, ele tirou da delegação o vice Hamilton Mourão, que é coordenador do Conselho da Amazônia. O encontro do clima discute a Amazônia, mas por razões políticas, o presidente retira do encontro o Mourão. Assim, temos ideia dos desencontros, dos erros da gestão dessa crise que coloca o Brasil no banco dos réus. O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, cheio de equívocos, também. Mas, esses erros não dão razão aos inimigos do Brasil. Não faz com que as ONGs estejam certas. A fala de Kamala, vice dos Estados Unidos, diz que as guerras foram por petróleo, a do futuro será pela água. Quando ela declara uma coisa dessa precisa deixar claro, essas guerras vão ser de quem contra quem? Sempre é a guerra de quem tem contra quem não tem, o Brasil possui 340 mil KM de água doce nas estações cheias", comentou Aldo.
O problema do Brasil precisa ser resolvido aqui, achar que o governo americano vem resolver os problemas está erado.Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa
O presidente Jair Bolsonaro foi convidado a participar da Cúpula do Clima. Ele faz parte de um grupo de 40 chefes de Estado e de governo, além de outras autoridades. Entre os convidados ao evento estão o papa Francisco e a indígena brasileira Sinéia do Vale. "Vão colocar uma índia como parte da delegação, como representação oficial. Governadores também já conversam diretamente com embaixador americano. Isso enfraquece o Brasil", comentou Aldo, que foi ministro de Relações Institucionais no governo Lula.
A cúpula antecede a 26ª Conferência sobre o Clima, a Cop26, a ser realizada em novembro em Glasgow, na Escócia. Um dos principais objetivos é impedir a elevação da temperatura média do planeta acima de 1,5 grau neste século. Em carta enviada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Bolsonaro já se comprometeu a acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Ele, inclusive, reconheceu o aumento das taxas de desmatamento a partir de 2012 e afirmou que o Estado e a sociedade precisam aperfeiçoar o combate a esse crime ambiental.
"Não concordo com nenhum crime, é evidente que há ilícitos na Amazônia, queimadas criminosas, é importante saber a proporção disso, dizer que todo agricultor da Amazônia é criminosa não é verdade. O Brasil tem crime, tem fome, tem desemprego, miséria, um monte de coisa errada, mas porque os europeus e americanos só se preocupam com a Amazônia? É preciso separar quem vem com ideias e críticas mesmo as justas, é preciso saber se estão interessados no nosso bem ou nossos bens, como dizia o Padre Vieira", afirmou Aldo Rebelo.