O presidente do Democratas em Pernambuco, o ex-ministro Mendonça Filho, considerou correta a expulsão do deputado federal Rodrigo Maia (que era do DEM, do Rio de Janeiro), ex-presidente da Câmara dos Deputados durante cinco anos. A entrevista foi dada à Rádio Jornal, dentro do quadro Passando a Limpo, liderado pelo radialista Geraldo Freire. "Naturalmente, considerei correta essa deliberação do Democratas, que (se baseou) num relatório preparado pelo deputada Dorinha Rezende (DEM-TO). É desagradável, muito chato, ruim, viver uma situação como essa de um quadro histórico do partido, mas não tinha outro caminho. Se desgastaram as relações dele com o Antonio Carlos Magalhães Neto (ACM Neto), tomaram caminhos muito distintos, palavras que, no meu modo de ver, foram além da política e viraram agressões de modo pessoal", explicou.
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Rodrigo Maia foi uma peça chave nos primeiros anos do governo Bolsonaro, se destacando ao se opor diante de várias decisões estapafúrdias tomadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). O DEM faz parte da base de partidos que apoiam Jair Bolsonaro. Os motivos dos desentendimentos entre Rodrigo Maia e ACM Neto, presidente do DEM, se tornaram públicos em fevereiro último, com a eleição de Arthur Lira (PP-AL) para presidente da Câmara dos Deputados. Arthur Lira foi o candidato que teve o apoio do presidente Bolsonaro. "Essa eleição foi o pivô na crise do Democratas", disse Mendonça Filho, explicando que publicamente defendeu o nome do deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) para presidente da Câmara, "embora não seja parlamentar".
E Mendonça Filho continuou: "Achava e, continuo achando, que (Baleia Rossi) era o melhor para presidir a Câmara dos Deputados. A maioria do partido tinha um entendimento diferente e Rodrigo Maia, como presidente da Câmara, por três vezes e cinco anos, poderia ter exercido essa liderança natural e influenciar a bancada do seu próprio partido. E não debitar ao presidente ACM Neto o fato de não viabilizar uma maioria dentro do seu próprio partido".
Segundo Mendonça Filho, "se Rodrigo Maia, como presidente da Câmara, não conseguiu formar uma maioria dentro do próprio DEM junto aos seus colegas parlamentares para apoiar aquele que defendia para a presidente da Câmara, que era Baleia Rossi, ele (o ex-presidente da Câmara) não pode simplesmente culpar o presidente ACM Neto por essa situação". Ele disse que ACM Neto não tinha instrumento para garantir a maioria e até trabalhou em favor do nome de Baleia Rossi, mas este nome não se consolidou". Quando chegou perto da eleição, a maioria do DEM apoiou Arthur Lira para a sucessão de Rodrigo Maia.
A não consolidação da candidatura de Baleia Rossi, como afirmou Mendonça Filho, "gerou esse mal estar todo, derivando para ataque de ordem pessoal por parte de Rodrigo, que inviabilizou a convivência de ambos dentro do partido. A decisão respaldou a posição de ACM Neto dentro do partido e Rodrigo teve que sair de forma traumática a partir da decisão da Executiva Nacional do Partido". Ele estava se referindo à expulsão de Rodrigo Maia do DEM, que ocorreu nesta segunda-feira (14).
Nas discussões, alguns políticos compararam o tratamento que ACM Neto deu a Rodrigo Maia com a que o frei dominicano espanhol, Tomas de Torquemada, inquisidor nomeado pela Igreja Católica, deu aos seus opositores. "Discordo totalmente dessa comparação. A inquisição foi um período abominável na história da humanidade e a Igreja Católica reconheceu isso. ACM Neto é um quadro qualificado, sério, politicamente muito hábil e como prefeito de Salvador marcou a capital baiana com uma das melhores gestões. ACM Neto não agiu de má fé. Quem deveria comandar a sucessão (da Câmara) era Rodrigo Maia, que não deveria culpar ACM Neto", comentou.
Rodrigo Maia foi expulso do DEM por infração disciplinar e deve se filiar ao PSD. Ainda de acordo com Mendonça Filho, foram os ataques pessoais a ACM Neto feitos por Rodrigo Maia que motivaram a saída do ex-presidente da Câmara. "E você não pode conviver numa empresa, partido ou organização, quando disputa com os seus colegas a partir de argumentos pessoais. Aí, vira briga de menino, briga que não dá para se sustentar, e aí o único caminho que restou foi esse", concluiu.