Defensor do protagonismo do PSB nas eleições de 2022, o prefeito do Recife, João Campos, estará presente no jantar oferecido pelo governador Paulo Câmara, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, neste domingo (15), no Palácio do Campo das Princesas. João Campos nunca escondeu, após inúmeras críticas durante a campanha para a Prefeitura do Recife, sua resistência sobre essa reaproximação entre o PT e o PSB.
Mesmo que para os dois partidos o discurso sobre o que ocorreu nas eleições municipais de 2020 não deve interferir na busca pela consolidação de um projeto muito maior, se tratando da eleição presidencial de 2022, para que possa inviabilizar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), será difícil deixar para trás o acirramento que marcou a disputa no segundo turno com a deputada federal Marília Arraes.
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Nos debates entre os candidatos e até nas inserções publicitárias, o socialista não poupou críticas ao Partido dos Trabalhadores e chegou a cravar que não aceitaria nenhuma indicação da legenda durante seus quatros anos de mandato. As declarações reverberaram no âmbito estadual, e em janeiro deste ano, o PT entregou os cargos que tinha no Governo do Estado. Em nota, o presidente estadual do partido, o deputado Doriel Barros, afirmou ser “inaceitável, desrespeitoso e incompatível”, o tratamento dado ao PT nas eleições municipais.
Durante um dos debates promovidos pela TV Jornal, o então candidato a prefeito João Campos, disparou contra sua adversária e prima, Marília Arraes: “É de causar estranheza, uma candidata do PT falando de corrupção”. O tom do antipetismo foi bastante explorado pelo socialista, afirmando inclusive que a direção nacional do PT já estaria de malas prontas querendo vir a comandar Pernambuco. Outra fala de Campos, foi afirmando que o Recife não poderia "andar para trás", se referindo aos 12 anos do PT à frente da prefeitura.
Um discurso que parecia pouco lembrar o arranjo político feito nas eleições de 2018, que garantiu a reeleição do governador Paulo Câmara. O PT firmou uma aliança com o PSB, rifando a candidatura de Marília Arraes ao Governo do Estado. Em troca, os socialistas não apoiaram o então presidenciável Ciro Gomes (PT) , mantendo-se neutro. Apenas no segundo turno, o PSB oficializou apoio a Fernando Haddad. Tão pouco que as duas legendas, independente dos palanque opostos em disputas majoritárias, sempre estiveram presentes nas administrações estadual e municipal.
Nessa sexta-feira (13), segundo informações do jornal O Globo, o filho do ex-governador Eduardo Campos, afirmou que o encontro com o líder petista não terá as eleições como pauta e deixou claro seu posicionamento sobre o cenário que deseja ver construído a partir do próximo ano. ‘A conversa é sobre o momento desafiador que o país passa. A pandemia ainda está registrando um número elevado de óbitos por dia no país, o desemprego atinge mais de 14 milhões de brasileiros e temos o desafio de enfrentar iniciativas antidemocráticas quase diariamente. Garantir a democracia é fundamental. São sobre esses pontos que a conversa deve tratar”, declarou João Campos.
“A eleição é em 22, que é o ano da disputa eleitoral, e aí deverá ser discutida pelos partidos. E eu já registrei minha posição de que o PSB deve ter protagonismo e deve apresentar uma candidatura própria. É o melhor cenário que observo”, acrescentou o gestor.
Entretanto, o encontro com Lula hoje poderá ser decisivo para a construção de união entre os partidos. Além do PSB, o petista também vai conversar com outros partidos que integram a Frente Popular, como o PCdoB, Republicanos, PP e MDB. Nesta segunda-feira (16), o líder petista faz uma visita ao assentamento Che Guevara I do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado no município de Moreno, Região Metropolitana do Recife. Ao meio dia, o líder petista concederá uma coletiva de imprensa em um hotel em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.