STF
Alexandre de Moraes arquiva notícia-crime contra Aras
Moraes afirmou que o arquivamento não impede o requerimento de nova instauração de inquérito no Supremo
No despacho emitido ontem, Moraes afirmou que o arquivamento não impede o requerimento de nova instauração de inquérito no Supremo, caso surjam elementos que indiquem crimes por parte do procurador-geral da República. A notícia-crime dizia que a atuação de Aras é incompatível com o decoro que o cargo exige.
A decisão de Moraes de arquivar a notícia-crime ocorre um dia antes da sabatina do chefe do Ministério Público Federal na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em busca da recondução ao cargo.
"O comportamento desidioso do procurador-geral da República fica evidente não só pelas suas omissões, mas também pelas suas ações que contribuíram para o enfraquecimento do regime democrático brasileiro, do sistema eleitoral pátrio e para o agravamento dos impactos da covid-19 no Brasil", escreveram os senadores na petição.
A notícia-crime foi inicialmente encaminhada ao gabinete da ministra Cármen Lúcia, mas, na sexta-feira passada, o processo foi redistribuído a Moraes sob argumento de que o caso se enquadra nos quesitos observados no inquérito dos atos democráticos, também sob relatoria do ministro.
Logo após o encaminhamento da notícia-crime pelos parlamentares, a Comissão Arns, entidade formada por juristas e ex-ministros de Estado, também entrou com pedido de investigação de Aras no Supremo acusando-o de prevaricar e manter relação de "cumplicidade" com Bolsonaro. A petição apresentada pela comissão ainda está sob análise no Supremo.
"O sr. procurador-geral da República não tem cumprido seu papel de guardião da Constituição e das leis. Ao contrário, tem instrumentalizado politicamente a ampla discricionariedade que lhe é conferida pela Constituição, de forma a subverter as funções de seu cargo, atuando mais como um guardião do próprio governo e de seus integrantes, do que efetivamente cumprindo com seus deveres institucionais", afirma a entidade no documento enviado ao gabinete do ministro Luiz Fux, presidente do Supremo.