Eleições 2022

''Me constrange debater eleição nesse momento'', diz José Múcio sobre possível candidatura ao Governo de Pernambuco em 2022

Segundo a coluna Cena Política, o nome de Múcio seria uma aposta do PSB, caso Geraldo Julio realmente desista de disputar a eleição

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Cássio Oliveira

Publicado em 25/08/2021 às 10:17 | Atualizado em 25/08/2021 às 14:13
O ex-presidente do TCU José Múcio concedeu entrevista à Rádio Jornal - DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM

Ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro disse se sentir constrangido em debater eleições neste momento de crise no Brasil. Segundo a coluna Cena Política, o nome de Múcio seria a aposta do Partido Socialista Brasileiro (PSB), caso Geraldo Julio realmente desista de disputar o Governo de Pernambuco.

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"Ninguém conversou comigo. O que vejo são especulações, nas redes sociais, nos jornais, amigos mandam mensagem e fico muito constrangido de discutir eleição do ano que vem de qualquer lugar, com o País passando por uma crise. Quando vejo quase 16 milhões de desempregados, sem comida na mesa, sem os filhos na escola, sem dinheiro para comprar remédio, me constrange. Será que na cabeça das pessoas passa que os políticos só pensam em eleição? Não passa em dar solução aos problemas?", questionou Múcio em entrevista à Rádio Jornal.

Ouça a entrevista com José Múcio Monteiro

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Segundo o ex-ministro, é preciso renovação na política. "Tenho estimulado muito que nós precisamos renovar, Pernambuco precisa de renovação, o País precisa passar por novos tempos", afirmou. Ainda na entrevista, Múcio comentou que fica feliz em ver o nome lembrado e que isso é fruto de sua trajetória política, pautada por "ética, moralidade e serviço ao estado e País", mas ressaltou que isso não significa ser candidato.

Nos últimos dias, a informação de que o ex-prefeito do Recife e atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, não disputaria o pleito do próximo ao movimentou os bastidores na Frente Popular. Porém, o deputado federal Tadeu Alencar (PSB) já disse, também á Rádio Jornal, que o partido trabalha para reverter a situação e ter Geraldo como o candidato a governador.

7 de Setembro

O Brasil é tão curioso que a gente tem data para um possível golpe, 7 ou 8 de setembro. Ao invés de celebrar a nossa independência no 7 de Setembro, teremos movimentos políticos-eleitorais. Nunca estivemos tão distantes uns dos outros.
José Múcio Monteiro

José Múcio Monteiro também demonstrou preocupação com as manifestações previstas para o feriado da Independência, em 7 de setembro, que estão sendo convocadas por defensores do presidente da República, Jair Bolsonaro.

"Jornais de Brasília publicaram que grupos ligados ao presidente motivam as polícias dos Estados e vi o vídeo de um deputado ligado ao governo federal dizendo estar disposto a enfrentamento nas ruas e que, se o presidente quisesse dar golpe, não precisava das Forças Armadas porque tinha as policias. Isso me entristece muito", comentou.

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Na visão do ex-presidente do TCU, está faltando diálogo. Ele citou os Pactos de Moncloa — acordos econômicos e políticos para enfrentar a inflação e o desemprego na Espanha no final da década de 1970 — e disse nunca ter visto, em seus 72 anos, o Brasil vivendo uma instabilidade política tão grande.

"Não deixa de ser um desestímulo. As pessoas deveriam procurar conversar. Precisamos que sentem na mesa, os governadores com o presidente da República, as pessoas que anos atrás foram para as campanhas políticas prometendo um Brasil diferente do que vivemos. Estamos numa batalha campal na cabeça de cada um, todos imaginando que teremos conflito, deixou de ser proibido atacar a democracia", afirmou José Múcio. "Me constrange a gente falar em eleição quando se discute se no próximo pleito haverá golpe ou não", completou.

Polícias

A politização nas polícias também foi tratada na entrevista. Para José Múcio, há uma radicalização no País. "Os espíritos estão cada vez mais radicalizados, tenho medo de fratura dentro das Forças Armadas na hora que se fala nessas polícias civis. Estamos estimulando um conflito, pois você ter um confronto de ideias, como a democracia pressupõe, é uma coisa. Mas quando passa a conflito pessoal, briga de rua, estimula pessoas a ser adversários, nunca vi o País tão radicalizado. Os grupos ligados ao ex-presidente, os grupos ligados ao atual presidente. Deixamos de ter partidos com bandeiras ideológicas e vemos partidos com bandeiras de poder pelo poder. Não tem plano de governo. O que se faz na educação? O que se faz na saúde? Tivemos quatro ministros da Saúde em plena pandemia, não digo que é certo ou errado, mas é normal? Temos um inimigo em comum, a pandemia (de covid-19), ainda morrem mil brasileiros por dia, não temos metade da população com a dose completa, temos outras prioridades e a prioridade um deveria ser o emprego, a saúde", disse.

Os governadores demonstraram preocupação com a politização nas polícias. O Fórum de Governadores assinou um compromisso para que as polícias dos Estados não atuem contra a Constituição. O anúncio foi feito pelo governador do Piauí e presidente do Fórum, Wellington Dias (PT), na segunda-feira (23), depois de uma reunião entre 24 chefes dos Executivos estaduais. “Aprovamos também por parte dos Estados um compromisso de que as polícias dos Estados estarão atuando na forma e nos limites da Constituição e da lei. É um compromisso do Fórum dos Governadores com o Brasil”, afirmou.

Pernambuco

O jornalista Wagner Gomes questionou Múcio sobre o que pode ser feito para resgatar a autoestima de Pernambuco e citou como exemplo o problema das estradas. O ex-ministro fez questão de iniciar sua fala afirmando que o governador Paulo Câmara (PSB), é "sério e bem intencionado".

Para José Múcio, os problemas do Estado vão além de questões internas. "Não há filial bem com matriz indo mal. No sistema federativo do Brasil, não tem como um estado do Nordeste (ir bem), com a economia pobre. É um país desigual, lamento muito pela situação, mas não há recurso, os Estados pagam folha, o que sobra para investimento? Estamos, os estados do Nordeste, mais sofridos. Na crise, os pobres sofrem mais", concluiu.

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