PEDIDOS DE INDICIAMENTO

Após leitura de relatório, CPI da Covid agora trabalha para pressionar PGR por investigação

Punição dependerá de decisões do procurador-geral da República, Augusto Aras, Augusto Aras, e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)

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Estadão Conteúdo, Paulo Veras

Publicado em 20/10/2021 às 23:35 | Atualizado em 20/10/2021 às 23:56
Nove delitos foram atribuídos ao presidente Jair Bolsonaro, indiciado ao lado de seus três filhos políticos - ROQUE DE SÁ/AGÊNCIA SENADO

Depois da leitura do relatório pedindo o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por crimes de responsabilidade e contra a humanidade durante a pandemia, a CPI da Covid agora se prepara para fazer pressão sobre o procurador-geral da República, Augusto Aras, para que dê prosseguimento às investigações.

Ao todo, Renan solicitou 68 indiciamentos. O número engloba 66 pessoas - de Bolsonaro e seus três filhos políticos (Flávio, Carlos e Eduardo) até ministros como Marcelo Queiroga (Saúde), seu antecessor Eduardo Pazuello, Onyx Lorenzoni (Trabalho) e o titular da Casa Civil, Braga Netto -, além de duas empresas (Precisa Medicamentos e VTCLog). Pazuello é o primeiro general da ativa a ter o indiciamento pedido por uma CPI.

Após quase seis meses de trabalhos que consumiram 369 horas e analisaram 4.323.797 documentos sigilosos, a CPI deverá votar o relatório final na próxima terça-feira (26). Senadores prometeram entregar, no dia seguinte, as conclusões a Aras e ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Caso nenhum dos dois tome providências, a comissão pode não surtir efeito prático.

Aras é responsável por denunciar Bolsonaro em caso de crime comum. E cabe a Lira decidir sobre a abertura de um processo de impeachment - há mais de 100 solicitações desse tipo paradas na Câmara. Lira chefia o Centrão e é aliado do Planalto. Aras tem sido criticado por seus pares por barrar o andamento de investigações contra o presidente. Mesmo assim, senadores pretendem usar o clima favorável para cobrar do procurador-geral e do presidente da Câmara o encaminhamento das acusações.

A expectativa é de que também haja pressão da sociedade para a abertura de impeachment contra Bolsonaro com base em dois crimes de responsabilidade citados pela CPI: violação de direito social e incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo.

Na tentativa de reforçar a cobrança, o grupo majoritário da CPI planeja criar um "observatório da pandemia" para monitorar as providências jurídicas a serem tomadas pelo Ministério Público nos Estados contra os investigados sem foro, como empresários e médicos.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, apontou Bolsonaro como "o principal responsável" pelos erros do governo na pandemia. Em seu parecer, propôs a punição do presidente por nove condutas criminosas. Além dos crimes contra a humanidade e de responsabilidade, a lista inclui charlatanismo e prevaricação.

Ao todo, somando as penas máximas para os crimes previstos no Código Penal Brasileiro imputados a Bolsonaro, a punição pode chegar a 38 anos e nove meses de prisão.

Diante da possibilidade de Aras e Lira engavetarem os pedidos de indiciamento, porém, senadores traçaram uma estratégia para levar as acusações diretamente ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de uma ação apresentada por associações de parentes das vítimas.

O Planalto avalia ir a Justiça para pedir o arquivamento do relatório.

 Leia a íntegra do relatório da CPI da Covid

Veja a lista completa de alvos de pedidos de indiciamento

Presidente da República, Jair Bolsonaro

Ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga

Ex-ministro da Cidadania e ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni

Ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo

Ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário

Ministro da Defesa e ex-ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto

Ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco

Deputado Ricardo Barros (PP-PR)

Senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ)

Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)

Deputada Bia Kicis (PSL-DF)

Deputada Carla Zambelli (PSL-SP)

Vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ)

Deputado OsmarTerra (MDB-RS)

Deputado Carlos Jordy (PSL-RJ)

Político suspeito de disseminar fake news Roberto Jefferson

Ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo federal Fábio Wajngarten

Assessor Especial para Assuntos Internacionais do Presidente da República Filipe G. Martins

Médica participante do ‘gabinete paralelo’ Nise Yamaguchi

Ex-assessor da Presidência da República e participante do ‘gabinete paralelo’ Arthur Weintraub

Empresário e e participante do ‘gabinete paralelo’ Carlos Wizard

Empresário suspeito de disseminar fake news Luciano Hang

Empresário suspeito de disseminar fake news Otávio Fakhoury

Diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior

Biólogo e participante do ‘gabinete paralelo’ Paolo Zanotto

Médico e e participante do ‘gabinete paralelo’ Luciano Dias Azevedo

Presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Ribeiro

Blogueiro suspeito de disseminar fake news Allan Lopes dos Santos

Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro

Ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias

Representante da Davati no Brasil Cristiano Carvalho

Representante da Davati no Brasil Luiz Paulo Dominguetti

Sócio da empresa Precisa Francisco Emerson Maximiano

Sócio da empresa Primarcial Holding e Participações Ltda e diretor de relações institucionais da Precisa, Danilo Trento

 

Advogado e sócio oculto da empresa FIB Bank Marcos Tolentino da Silva

Intermediador nas tratativas da Davati Rafael Alves

Intermediador nas tratativas da Davati José Odilon Torres da Silveira Júnior

Ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde e intermediador nas tratativas da Davati Marcelo Blanco

Diretora-Executiva e responsável técnica farmacêutica da empresa Precisa,EmanuelaMedrades

Consultor jurídico da empresa Precisa, Túlio Silveira

Ex-assessor especial do Ministério da Saúde Airton Soligo

Editor do site bolsonarista Crítica Nacional suspeito de disseminar fake news Paulo de Oliveira Eneas

Diretor do jornal Brasil Sem Medo, suspeito de disseminar fake news, Bernardo Kuster

Blogueiro suspeito de disseminar fake news Oswaldo Eustáquio

Artista gráfico suspeito de disseminar fake news Richards Pozzer

Jornalista suspeito de disseminar fake news Leandro Ruschel

Assessor Especial da Presidência da República Técio Arnaud

Ex-presidente da Fundação Alexandre Gusmão (Funag) Roberto Goidanich

Sócio da empresa VTCLog Raimundo Nonato Brasil

Diretora-executiva da empresa VTCLog Andreia da Silva Lima

Sócio da empresa VTCLog Carlos Alberto de Sá

Sócia da empresa VTCLog Teresa Cristina Reis de Sá

Ex-secretário da Anvisa José Ricardo Santana

Lobista Marconny Albernaz de Faria

Médica da Prevent Senior Daniella Moreira da Silva

Médica da Prevent Senior Paola Werneck

Médica da Prevent Senior Carla Guerra

Médico da Prevent Senior Rodrigo Esper

Médico da Prevent Senior Fernando Oikawa

Médico da Prevent Senior Daniel Garrido Baena

Médico da Prevent Senior João Paulo F. Barros

Médica da Prevent Senior Fernanda de Oliveira Igarashi

Sócio da Prevent Senior Fernando Parrillo

Sócio da Prevent Senior Eduardo Parrillo

Médico que fez estudo com proxalutamida, FlávioCadegiani

Precisa Comercialização de MedicamentosLtda

VTC Operadora LogísticaLtda–VTCLog


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