O governador Paulo Câmara (PSB) teceu contundentes críticas à administração federal durante entrevista ao jornalista Roberto D´Avila, do canal de TV a cabo GloboNews. Reclamando da falta de planejamento e de ações integradas com os estados por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governador disse estar conversando com todos os atores de "campos opostos à atual administração", quando questionado sobre a convergência para a candidatura do ex-presidente Lula.
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"Temos um objetivo comum (PSB e Lula) no campo progressivo: ter em 2022 a condição de apresentar candidatura que vença o atual presidente. Mais quatro anos como o Brasil vem sendo administrado vai ser desastre total", disparou Paulo Câmara.
De acordo com o governador, há uma convergência para que o campo progressista sai vitorioso da eleição em 2022. "Queremos voltar a ter um Brasil administrado sob o aspecto social, da economia com pilares fortes, proteção ambiental e desenvolvimento sustentável", afirmou.
Segundo Câmara, "avançar economicamente e reduzindo desigualdades são razões fundamentais para conversarmos com campos opostos à atual administração".
Justamente sobre a condução econômica do País, o governador também enumerou uma série de críticas ao atual presidente. "A gente tá vendo um conjunto de atropelos. Confiança inexiste hoje e isso afeta câmbio, inflação, capacidade do investidor confiar no País. há crise de confiança em relação à economia brasileira, fruto de muito discurso e pouca prática", disse.
No Estado, o governador apontou como prioridade a geração de empregos, exaltando o seu programa "Retomada", lançado no último mês de agosto e com o qual espera gerar 130 mil empregos. Para isso, no entanto, Câmara admitiu precisar decisivamente da atuação da iniciativa privada, embora mantenha o discurso de restringir a atuação em setores estratégicos.
"Alguma áreas precisam estar com o setor privado em parceria. Pernambuco tem buscado muito as PPPs (parceria público-privada). Estamos buscando ações para fazer concessões em rodovias, equipamentos de turismo e vendo também outras ações de infraestrutura que possam atrair o privado. Esse momento vai exigir isso, muto apoio do investido privado. Precisa ter confiança de que vai ter o retorno adequado para gerar emprego e renda, mas os serviços básicos o Estado tem de continuar comandando e atuando de forma decisiva".
JOÃO CAMPOS
O governador também disse que o bolsonarismo está "claramente diminuindo" no Estado e apontou o atual prefeito do Recife, João Campos (PSB) como uma quadro promissor na dinâmica política nacional. O governador comentou ainda o episódio no Recife em que a Polícia Militar agiu de forma truculenta na repressão de uma manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro, voltando a afirmar que "só soube depois" da ação liderada pela polícia.
"Com certeza (somos um partido de centro-esquerda) e estamos buscando atrair nomes e valores que possam nos consolidar no campo progressivo e ajudar o Brasil a enfrentar o atual momento e, se possível, superar, com planejamento de curto, médio e longo prazo", afirmou.
Câmara avaliou como muito positiva a gestão de João Campos no Recife e o referendou com nome de referência a ser ouvido nos próximos anos. "Está muito focado em administrar. Vem de um governo antecessor que ajudou muito o Recife a avançar (gestão Geraldo Julio). Com certeza tem futuro pela política brasileira e vai dar muito o que falar. É bom que nossos políticos apareçam com pensamentos importantes em favor da cidade, Estado e do Brasil".