O programa Debate da Manhã, da Rádio Jornal, desta quinta-feira (21), foi dedicado a história de Joaquim José da Silva Xavier, conhecido nacionalmente como Tiradentes. Durante o bate-papo, que contou com a presença dos professores de História Biu Vicente (UFRPE) e Jair Santana (UPE), o historiador e escritor José Nivaldo Júnior relembrou um episódio que viveu durante o período da ditadura militar.
Mais precisamente no dia 29 de agosto de 1973, José Nivaldo e Biu Severino foram presos e encaminhados ao Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). Enquanto Severino permaneceu no centro até ser solto em outubro daquele mesmo ano, Nivaldo foi levado para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).
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“Nós estávamos na minha casa, terminando um livro de testes para o vestibular, quando bateram na porta e invadiram a minha casa com armas nas nossas caras e nos sequestraram. Biu Vicente foi de ‘gaiato no navio’, porque a questão era comigo, mas foi levado junto e fomos ao DOI-CODI, onde fomos torturados”, afirmou.
De acordo com José Nivaldo, esse triste episódio tem tudo a ver com o debate sobre Tiradentes porque não deixa de ser um debate sobre a liberdade, principalmente no momento em que o Brasil volta a discutir se houve ou não ditadura militar.
“Nós estamos tratando como tema do debate de um torturado, Joaquim José da Silva Xavier, que heroicamente posicionado na prisão, nunca abriu mão das suas convicções. Ser herói ou vilão, é outra questão. Mas já antecipo minha opinião de que ele foi um herói merecidamente porque antes de tudo era um homem íntegro, sabemos a dificuldade de estar no cárceres na mão de seus opressores”, declarou.
Para o professor de História da Universidade Federal de Pernambuco, Biu Vicente, a juventude naquela época viveu com a intensidade merecida para livrar o país da ditadura. “Nós vivíamos um dos momentos em que a chefia do estado brasileiro queria eliminar toda e qualquer oposição. A gente olhava o rosto de Zé Nivaldo e o víamos angustiado e tão tenso, que não poderíamos deixá-lo sozinho. Era uma luta pela liberdade, assim como foi a de Tiradentes. A questão de saber se ele era vilão ou herói é quase secundária neste momento”, pontuou o docente, durante entrevista ao Debate da Manhã.