STF
Barroso vê uso das Forças Armadas para desacreditar sistema eleitoral
Na mesma ocasião, o ministro voltou a defender a integridade das urnas eletrônicas e condenou tentativas de politização dos militares
Cadastrado por
Renata Monteiro
Publicado em 25/04/2022 às 7:25
| Atualizado em 25/04/2022 às 7:59
Com informações do Estadão Conteúdo
"É preciso ter atenção a esse retrocesso cucaracha de voltar à tradição latino-americana de colocar o Exército envolvido com política. É uma péssima mistura para a democracia e uma péssima mistura para as Forças Armadas", disse o ministro durante evento virtual promovido pela universidade alemã Hertie School, de Berlim.
Barroso voltou a defender a integridade das
urnas eletrônicas e condenou tentativas de politização dos militares. Ele ressaltou que as Forças Armadas devem resistir, como já têm feito,
a serem objeto de "paixões políticas".
O ministro destacou, ainda, as trocas promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro no governo. "Até agora o profissionalismo e o respeito à Constituição têm prevalecido (nas Forças Armadas). Mas não deve passar despercebido que profissionais respeitadores da Constituição foram afastados, como o general Santos Cruz, o general Maynard Santa Rosa, o general Fernando Azevedo. Os três comandantes das Forças foram todos afastados. Não é comum isso", declarou Barroso a uma plateia de estudantes.
Em cerimônia do Dia do Exército, na semana passada, Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas "não dão recados" e "sabem" o que é melhor para o povo. "Não podemos jamais ter eleições no Brasil sobre as quais paire o manto da suspeição", disse o presidente.
Questionado sobre o caso do deputado
Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF, mas perdoado por Bolsonaro, Barroso não comentou.
O ministro evitou citar o nome de Bolsonaro, mas mencionou a participação do presidente em atos antidemocráticos. "Tivemos momentos graves na experiência recente brasileira, com a participação do presidente da República em um comício na porta do QG do Exército pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal", disse. "Eles (militares de Roma) não entravam com as suas tropas nos espaços do poder civil", afirmou. "Portanto, um desfile de tanques na Praça dos Três Poderes é um episódio com intenção intimidatória."