Após o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmar que as Forças Armadas seriam orientadas a atacar e desacreditar o processo eleitoral, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, lançou uma nota neste domingo (24) repudiando as declarações. Segundo ele, qualquer "ilação ou insinuação" neste sentido "é irresponsável e constitui-se em ofensa grave a essas Instituições Nacionais Permanentes do Estado Brasileiro".
No texto, Oliveira - que está no cargo há menos de um mês - também diz que a fala de Barroso "afeta a ética, a harmonia e o respeito entre as instituições". Ele completa o comunicado dizendo que as Forças Armadas atenderam ao convite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão do qual o magistrado é ex-presidente, e apresentaram propostas à Comissão de Transparência das Eleições (CTE) que estão sendo apreciadas pelo colegiado, e declarou que "as eleições são questão de soberania e segurança nacional, portanto, do interesse de todos".
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"As Forças Armadas, como instituições do Estado Brasileiro, desde o seu nascedouro, têm uma história de séculos de dedicação a bem servir à Pátria e ao povo brasileiro, quer na defesa do País, quer na contribuição para o desenvolvimento nacional e para o bem-estar dos brasileiros. Elas se fizeram, desde sempre, instituições respeitadas pela população", destacou Oliveira, no texto.
Ao finalizar a nota, o ministro pontuou que as Forças Armadas "contam com a ampla confiança da sociedade" e que o prestígio da instituição não é recente, sendo advindo "da indissolúvel relação de confiança com o Povo brasileiro, construída junto com a própria formação do Brasil".
As declarações de Barroso foram dadas no domingo, durante participação do ministro no "Brazil Summit Europe 2022", evento promovido por uma universidade da Alemanha. Na ocasião, o magistrado disse que as Forças Armadas estão sendo "orientadas" a atacar o processo eleitoral.
Apesar de não ter citado o presidente Jair Bolsonaro (PL) nominalmente, o ministro do STF disse haver um esforço para levar as Força Armadas ao "varejo da política" e que isso seria uma "péssima mistura" para a democracia e para a própria instituição.