Matéria atualizada às 19h08 do dia 24 de maio
Pré-candidata a governadora de Pernambuco, a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) questionou o governo de Paulo Câmara (PSB), sobre “quantas crianças precisarão morrer para que sejam tomadas?”. A crítica foi publicada em suas redes sociais, pontuando que em 48h, dois bebês morreram enquanto aguardavam por um leito na Unidade Intensiva de Tratamento (UTI) na rede pública de saúde.
“Hoje (terça-feira), 88 pacientes infantis aguardam um leito de UTI na rede pública. Deste total, 73 sofrem complicações de síndrome respiratória aguda grave. Quantas crianças precisarão morrer para que o Governo de Pernambuco tome providências reais?”, declarou a parlamentar.
Há seis dias, também por meio das redes sociais, Marília Arraes havia publicado um vídeo em que uma mãe fazia um apelo diante da situação crítica que crianças e bebês estão passando para conseguirem vaga na terapia intensiva. Segundo ela, a situação já estava sendo alertada através da vigilância epidemiológica e pela própria imprensa.
“Há relatos de profissionais de saúde sobre a piora do estado de saúde de pacientes e até de mortes. Onde estão os leitos de retaguarda? Estamos falando da vida de dezenas de bebês e crianças. Como mãe, como cidadã e como parlamentar, não posso pensar que isso seja aceitável”, declarou.
CASOS
Um bebê de 11 meses, morreu, nessa segunda-feira (23), enquanto aguardava por um leito de UTI. O menino deu entrada na emergência pediátrica do Hospital Barão de Lucena, no Recife, com diagnóstico de bronquiolite viral aguda - causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR).
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou que a criança tinha um histórico de prematuridade e já havia passado por três meses de internamento em uma UTI neonatal. Ele tinha sido intubado e colocado em ventilação mecânica, mas apresentou bradicardia, levando-o a uma parada cardíaca.
Nesta terça-feira (25), uma menina de um mês também faleceu enquanto aguardava por uma vaga de UTI. Ela estava na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no bairro do Curado, em Jaboatão dos Guararapes. De acordo com a SES-PE, ela apresentava um quadro de bronquiolite viral aguda e passou a receber suportes ventilatórios. O falecimento ocorreu durante o processo de transferência para a UTI, que teria sido disponibilizada duas horas antes do óbito.
RESPOSTA
Em resposta as colocações da deputada federal Marília Arraes sobre a situação das UTIs, a Secretária Estadual de Saúde (SES-PE) informou por nota, que o Pernambuco possui a maior rede para para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em crianças do Nordeste, com 280 leitos infantis, sendo 150 de UTI e 130 de enfermaria, mas que o Governo "está trabalhando de forma permanente para ampliar a rede para atender este público".
"Para enfrentar este quadro, mesmo com a escassez de intensivistas pediátricos e neonatais – realidade de todo o país, o Governo do Estado já abriu 60 leitos de UTI pediátrica apenas nos últimos dias, sendo 10 em Araripina (Hospital e Maternidade Santa Maria); 10 leitos em Serra Talhada, no Hospital Eduardo Campos, na terça-feira (17); 10 na Brites de Albuquerque, em Olinda, na quinta-feira (19); e 10 no Hospital Regional de Palmares na sexta (20)", afirmou a pasta.
"Na noite desta segunda-feira (23), outros 20 leitos de UTI foram abertos, sendo 10 na UPAE de Goiana (10), na zona da Mata Norte, e 19 no Hospital Maria Lucinda , no Recife. Ainda nesta semana foi acertada, junto à rede contratualizada, a abertura de outros 10 leitos no Hospital Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guarapes, e 10 no Jesus Pequenino, em Bezerros. Ainda há a previsão de mais 10 leitos de UTI pediátrica no IMIP na próxima semana", completou a Secretária de Saúde.
Outro ponto destacado foi a convocação de 369 profissionais de saúde concursados, na semana passada, entre os quais 14 são médicos pediatras e 46 são fisioterapeutas, que irão reforçar os plantões em unidades de referência em pediatria. Mas, vale lembrar que mesmo diante das ações colocadas pelo Governo do Estado, o secretário de Saúde André Longo, ressaltou que, "em situações excepcionais, de epidemia, como esta que estamos vivendo, sempre haverá infelizmente perdas de vida".