Marília Arraes defende investimento em habitação e diz que mortes após chuvas foram 'tragédia anunciada'

Marília Arraes é pré-candidata a governadora de Pernambuco pelo partido Solidariedade
Cássio Oliveira
Publicado em 13/06/2022 às 12:03
CRÍTICA Deputada tratou as mortes no Estado, decorrentes de deslizamentos, como uma ''tragédia anunciada'' Foto: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM


Pré-candidata a governadora de Pernambuco pelo Solidariedade, Marília Arraes concedeu entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta segunda-feira (13), e defendeu que, ao menos, 1% da Receita Corrente Líquida do Estado deve ser investida em habitação.

"Pernambuco é o Estado com maior déficit habitacional do Nordeste. São mais de 300 mil moradias em déficit e mais de 70 mil somente no Recife. É preciso investimento contínuo e planejamento a médio e longo prazo para evitar tragédias."

A deputada federal tratou das mortes em Pernambuco nas últimas semanas, decorrentes de deslizamentos de barreira, como uma ''tragédia anunciada''. Ela ainda defendeu fortalecimento da Defesa Civil e parcerias com universidades que possuem estudos sobre as áreas de risco.

"Fui vereadora durante muitos anos e isso era uma tragédia anunciada. Vereadores conhecem bem a cidade e sempre chegava esse desespero das pessoas com a questão das áreas de risco, dos morros, palafitas, alagados, e é importante que haja uma política de estado nesse sentido", disse Marília.

Nas últimas semanas, 129 pessoas morreram em Pernambuco em decorrência dos deslizamentos em diversos pontos causados pelas fortes chuvas.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM - Marília Arraes durante entrevista à Rádio Jornal, no programa Passando a Limpo

A Rádio Jornal iniciou, na quarta-feira (8), uma série de entrevistas com pré-candidatos ao Governo de Pernambuco para tratar de políticas públicas e propostas para a habitação popular, obras de prevenção nas áreas de risco, planejamento e ordenamento urbano nas áreas de morro.

Marília Arraes foi a quarta pré-candidata a participar da série de entrevistas. Já foram ouvidos João Arnaldo (PSOL), Miguel Coelho (União Brasil) e Raquel Lyra.

Durante sua fala, a pré-candidata lembrou políticas públicas da gestão João Paulo, no Recife, e disse que programas como o "Guarda-Chuva" deveriam ter sido realizados como uma política de estado, que não mudasse com a troca de governo.

Estado e município

"Existem as políticas municipais que não foram executadas e terminaram na tragédia que vimos. A gente não pode estar aqui se comprometendo com o que o município deve fazer e não faz. Principalmente municípios que têm recursos para isso, como o Recife " - Marília Arraes

Marília Arraes enfatizou que em relação às áreas de risco é preciso separar o que é responsabilidade do Governo do Estado e das prefeituras e que não pode adentrar na seara municipal. Ela apontou falta de prioridade das atuais gestões com a área de habitação.

"O Governo do Estado investiu nos últimos anos R$ 500 milhões em propaganda e cerca de R$ 140 milhões em habitação. Não foi uma prioridade. A Prefeitura do Recife destinou menos de 1,5% para essa politica de gestão nas encostas, nos alagados. Quando o governo João Paulo investia cerca de 3%", disse Marília.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM - Marília Arraes durante entrevista à Rádio Jornal, no programa Passando a Limpo

Sobre as responsabilidades do governo estadual, Marília Arraes defende a construção de um planejamento metropolitano.

"É preciso ter uma política com participação da União, do Estado e dos municípios. A Constituição deu grande poder aos municípios, estabeleceu competências municipais muito amplas de planejamento e infraestrutura, mas o Estado precisa fazer sua parte em assuntos que não conseguem ser tratados somente pelos municípios, como a drenagem, já que tem rios que perpassam várias cidades, água, esgoto, sistema viário."

"O técnico que achar que governa simplesmente com suas ideias dentro de gabinete tem uma chance de errar muito grande, tem que se fazer ouvindo as pessoas, dialogando com quem passa pelo problema. " - Marília Arraes sobre habitação e áreas de risco de deslizamento

A pré-candidata diz que a prioridade é a política habitacional para que as pessoas não ocupem as áreas de risco. "Quem vive em baixo de uma barreira é porque não pode viver em outro lugar. O imóvel é algo caro para todo mundo, principalmente para quem ganha pouco. E temos uma sociedade muito desigual, em que há uma pobreza muito grande. Então, tem que haver um investimento em habitação para que as pessoas morem próximas de onde trabalham e vivem."

Fronteiras

Outra preocupação da pré-candidata é com o "abandono" das áreas que fazem fronteira entre dois municípios. Jardim Monte Verde, por exemplo, local onde mais morreram pessoas nos recentes deslizamentos, fica entre Recife e Jaboatão.

"Acompanho Jardim Monte Verde há mais de dez anos. Quando era vereadora, criei a frente de acompanhamento de áreas conurbadas, áreas limítrofes entre os municípios. E vemos que uma cidade joga para a outra a responsabilidade. Nesse caso, o Estado deve atuar, chamar os municípios, intermediar essas políticas públicas e intermediar, também, a aquisição de recursos vindos do governo federal para que haja investimento e essas áreas não se tornem terra de ninguém, como UR-10, Vila das Aeromoças, UR-07, na Várzea, Rosa Selvagem, Passarinho. Precisa de planejamento metropolitano".

Durante a entrevista, Marília ainda disse que houve esvaziamento da Condepe/Fidem e da Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab). Marília ainda foi questionada sobre a atuação em relação às áreas de morro e ela destacou que como deputada federal não pode ser cobrada por uma interferência direta no assunto, visto que é responsabilidade do Executivo.

Por fim, a parlamentar disse que está aberta a dialogar sobre temas importantes para o Estado, mesmo com gestões às quais faz oposição, como a de Jair Bolsonaro e as gestões do PSB.

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