A pesquisa eleitoral Ipec divulgada neste sábado, véspera da eleição, coloca Miguel Coelho (União Brasil) empatado numericamente com Raquel Lyra (PSDB). Eles rivalizam no segundo lugar da corrida pelo Governo de Pernambuco, para disputar um eventual segundo turno contra Marília Arraes (Solidariedade). Aliados ouvidos pelo Jornal do Commercio avaliam que o discurso pelo voto útil pode ser decisivo para definir a ordem final dos candidatos.
Desde a pré-campanha, duvidou-se que a candidatura de Miguel Coelho chegaria, de fato, a ser oficializada. O desconhecimento do ex-prefeito de Petrolina frente ao eleitorado pernambucano, o descompasso com Luciano Bivar, presidente nacional do União Brasil, e outras intempéries colocaram em dúvida seu lugar no pleito. Nos bastidores, deputados chegaram a fazer aposta em dinheiro sobre o candidato ter ou não seu nome na urna neste dois de outubro.
A despeito disso, o filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) chega competitivo na reta final da campanha. Por trás do crescimento tímido, mas constante desde o início de setembro, está a estrutura de prefeituras ligadas à família, os recursos e o tempo de TV do União Brasil – o maior da oposição – e a estratégia montada para lidar com o eleitorado visto como "natural" de Anderson Ferreira, candidato pelo PL, apoiado oficialmente pelo presidente Jair Bolsonaro.
A expectativa da campanha de Ferreira era que o eleitor bolsonarista, ao tomar conhecimento sobre o apoio do presidente, se aglutinasse em torno do seu representante no estado. Apesar do teto de Bolsonaro, a pontuação seria suficiente para colocar Anderson no segundo turno, de acordo com os cálculos dos seus aliados.
Miguel Coelho, porém, fez um forte movimento à direita. Visando aumentar sua presença entre os evangélicos, o candidato do União Brasil se aproximou de diversas lideranças desse segmento que rivalizam com Anderson Ferreira. O ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes vem de família tradicionalmente ligada à essa igreja, que possui rachas internos, inclusive na própria cidade.
Coelho tem aliança com a família Collins e quase fechou chapa com os Tércio, famílias que estão a frente da "ala bolsonarista" do PP em Pernambuco. O intuito, segundo aliados, foi se apresentar como uma opção à direita, sem necessariamente herdar a rejeição de Bolsonaro em Pernambuco. Também pesa contra Anderson Ferreira, além da falta de estrutura do PL e de apoios no interior, a sua ausência nos debates.
Na Globo, Miguel Coelho e Danilo Cabral (PSB) protagonizaram a principal disputa. Como resultado, Raquel Lyra ficou isolada e o ex-prefeito de Petrolina se apresentou da TV como principal antagonista ao PSB. "O eleitor se sente duplamente traído, porque não teve ninguém pra representar Bolsonaro e viu Miguel no embate com Danilo", avalia um aliado, ouvido sob reserva.
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Esse fator pode ter contido o esperado crescimento de Raquel, que vem mantendo seu patamar de intenção de voto. Ela não cresceu, mas também demonstra ter um eleitorado já consolidado e resistente. Em paralelo, a artilharia marilista se voltou para a ex-prefeita de Caruaru no final da campanha, visto que a candidata do PSDB apareceu nas pesquisas como a candidata com mais chances num segundo turno contra Arraes. A principal abordagem foi associar a ex-prefeita de Caruaru ao PSB.
Agora, a expectativa é que Miguel e Raquel, que na pré-campanha conversavam no intuito de convergência para uma só candidatura, disputem o voto útil. A candidata tucana tem menor rejeição, enquanto Miguel possui maior estrutura de prefeitos no interior e maior tempo de TV.