O candidato à prefeitura do Recife, Gilson Machado (PL), já vinha tentando intensificar para os eleitores da capital pernambucana que é o "candidato de Bolsonaro" nas Eleições 2024, mas agora vem buscando se tornar também o "candidato de Trump" no pleito de outubro.
Nesta terça-feira (27), Gilson não teve agendas públicas e destinou o dia à gravação do guia eleitoral e reuniões internas, mas publicou um vídeo ao lado de Jair Bolsonaro nas redes sociais. Nas imagens, o ex-mandatário brasileiro diz que Gilson fez amizade com o ex-presidente americano.
"Um lado positivo do Gilson é a forma como tem de fazer amizades, não só no Brasil como fora do Brasil. Uma passagem que marcou para sempre foi a nossa visita aos EUA e conversando com Donald Trump. Ali ele fez amizade com o presidente, que é muito importante, e com o seu entorno, e até hoje colhe frutos dessa amizade", diz Bolsonaro na gravação.
"O nosso capitão sabe bem a importância do relacionamento com lideranças alinhadas aos nossos propósitos. Saber chegar, estar em ambientes e cultivar amizades que também contribuem pra o nosso trabalho, são etapas essenciais para a boa política e trabalho pelo povo", escreveu Gilson na legenda do post.
Na última segunda-feira (26), em entrevista à Rádio Folha, Gilson chegou a dizer que Trump ofereceu apoio à sua candidatura no Recife. Ele também publicou uma foto ao lado do magnata norte-americano.
"Será que algum candidato aqui em Recife tem acesso ao futuro presidente dos Estados Unidos?", questionou aos seguidores.
Também na sabatina à Rádio Folha, Gilson voltou a dizer que a maioria do eleitorado conservador ainda não sabe que ele é o nome apoiado pelo ex-presidente na capital pernambucana.
"Aqui em Recife, temos mais de 40% dos eleitores de direita que estão ainda votando em João Campos porque não sabem ainda que eu sou candidato. Eu fiz uma pesquisa, só 19% dos eleitores do Recife sabem que Gilson Machado é candidato de Jair Bolsonaro", disse Gilson, sem detalhar a pesquisa que disse ter realizado.
Ele repetiu a afirmação no final da entrevista, ao pedir votos para o público. "Conservador que ainda não sabia que eu sou candidato, estou pedindo seu voto, estou preparado", garantiu.
As declarações de Gilson se dão após uma longa pré-campanha em que o candidato explorou a imagem de Bolsonaro e, principalmente, após uma extensa agenda realizada pelo ex-presidente no estado, em que Gilson esteve na aba do ex-mandatário em todas elas.
Durante os quatro dias de agenda em Pernambuco, Gilson não descansou e recebeu Bolsonaro no aeroporto, participou de atos com o ex-presidente na capital e no interior e também foi estrela do ato realizado no Clube Português, no Recife, que encerrou a passagem do líder do bolsonarismo no estado.
Antes mesmo da vinda de Bolsonaro, Gilson já havia usado essa justificativa, afirmando que acreditava na vinda de Bolsonaro para alavancar sua candidatura.
"A eleição começou quando ele [João Campos] anunciou o vice, mas pegará gás depois da vinda de Bolsonaro ao Recife. As pessoas não sabem que eu sou pré-candidato. Até quem votou em mim não sabe, mas com a vinda de Bolsonaro isso ficará cristalino", disse Gilson no mês de julho.
Na primeiro semana de campanha oficial no Recife, Gilson fez um adesivaço e, mais uma vez, pediu para os apoiadores reforçarem com seus pares o elo que ele tem com Bolsonaro.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada na semana passada, mesmo após uma intensa agenda de campanha "extra-oficial" junto a Bolsonaro ocorrida dias antes da pesquisa ir a campo, Gilson subiu 1% em relação à pesquisa anterior, no mês de julho.
O ex-ministro já reforçou que a estratégia da chapa é levar a eleição para o segundo turno. Restando pouco mais de um mês para o dia do pleito e agora sem a presença física de Bolsonaro, Gilson Machado terá que se apoiar no guia eleitoral de rádio e TV para tentar emplacar de vez a figura de "candidato de Bolsonaro" no Recife.
O guia começa na próxima sexta-feira (30), com Gilson Machado sendo o primeiro a ter seu material exibido na programação — após sorteio. Ele terá 2 minutos e 5 segundos de tempo de tela para explorar ainda mais a imagem do ex-presidente.