Entenda as polêmicas envolvendo os currículos acadêmicos dos ministros da Educação do governo Bolsonaro

Decotelli não é o primeiro ministro da Educação do governo Bolsonaro (sem partido) a ter títulos contestados, erros ou inconsistências apontadas em seu currículo
Douglas Hacknen
Publicado em 29/06/2020 às 18:37
Ministros cometeram erros no currículo Foto: Foto: Wikipédia


Após o anúncio, na tarde da última quinta-feira (25), que Carlos Alberto Decotelli assumiria o comando do ministro da Educação, ao menos três polêmicas contestando a sua formação acadêmica vieram a tona. Decotelli não é o primeiro ministro da Educação do governo Bolsonaro (sem partido) a ter títulos contestados, erros ou inconsistências apontadas em seu currículo.

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Inicialmente, a nomeação de Decotelli foi elogiada por reitores pernambucanos e pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação que esperavam ter uma maior abertura para dialogo com o novo chefe da educação brasileira.

Carlos Alberto Decotelli

Carlos Alberto Decotelli foi anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro como "doutor pela Universidade do Rosário, na Argentina e pós-doutor na Universidade de Wuppertal, na Alemanha". No dia seguinte ao anúncio, o título de doutor foi contestado pelo reitor da Universidade Nacional de Rosário, Franco Bartolacci. Nesta segunda (29) foi a vez da Wuppertal informar que o ministro não obteve nenhum título durante o tempo que ficou na universidade alemã.

No sábado (26) o economista Thomas Conti apontou nas redes sociais possíveis indícios de cópias na dissertação de Decotelli, citando trechos do texto do ministro que são idênticos a um relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Mobiliários. A revelação levou a FGV a abrir uma apuração interna para verificar se houve plágio.

>>Plágio é considerado falha científica grave; novo ministro da Educação foi acusado de cópia

Na Argentina, o reitor da Universidade Nacional de Rosario, Franco Bartolacci, revelou que "o senhor Carlos Decotelli cursou o doutorado em administração da Faculdade de Ciências Econômicas e Estatísticas da Universidade Nacional de Rosário, mas não o concluiu. Não completou todos os requisitos que são exigidos pela nossa regulamentação de doutorado, que exige a aprovação de uma tese final para obter o título de doutor. Portanto, não é doutor pela Universidade Nacional de Rosário".

>> Novo ministro da Educação altera currículo após reitor da universidade revelar que ele foi reprovado no doutorado

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) enviou uma representação à Corte pedindo investigações sobre 'possíveis prejuízos' aos cofres públicos na nomeação de Carlos Alberto Decotelli para o Ministério da Educação (MEC) e o período em que teria cursado, mas não concluído, o doutorado na Argentina.

Na Alemanha, a  Universidade de Wuppertal,  afirma que Decotelli teria passado apenas três meses na instituição, começando em 2 de janeiro de 2016, mas não obteve nenhum título durante a estadia. Após a manifestação, Decotelli excluiu referência a curso de pós-doutorado no seu currículo.

Com todas essas polêmicas a posse do novo ministro da educação foi adiada pelo governo de Jair Bolsonaro. A cerimônia estava marcada para esta terça-feira (30) às 16 horas, mas segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o Planalto já avisou que ela não ocorrerá nesta data.

Abraham Weintraub

Ministro de 8 de abril de 2019 a 19 de junho de 2020, já no anúncio de Abraham Weintraub para o Ministério da Educação houve problema. O presidente Jair Bolsonaro informou que o novo comandante da educação era doutor, sendo que Weintraub  nunca tinha obtido esse título.

A informação divulgada pelo chefe do Executico, no entanto, não constava do currículo lattes de Weintraub e nem de seu Linkedin. Após contestações, Bolsonaro corrigiu a publicação anterior.

O período em que Weintraub ficou no comando da pasta foi marcado por desentendimentos diplomáticos. Na reunião ministerial de 22 de abril, divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o então ministro chamava os membros da Corte de "vagabundos" e  declarou que, por ele, botava esses integrantes do STF na cadeia.

No inicio da pandemia, no Twitter, o chefe da Educação brasileira fez um comentário onde fazia alusão ao estereótipo de um suposto sotaque de asiáticos falando português e dizendo que a China estaria por trás de um "plano infalível" para dominar o mundo pós-pandemia.

Ricardo Vélez Rodríguez

O colombiano naturalizado brasileiro foi ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro de 1º de janeiro a 8 abril de 2019. Ricardo Vélez Rodríguez deixou o cargo após pedir às escolas que executassem o Hino Nacional, gravassem e lessem uma carta de sua autoria que continha o slogan da campanha de Jair Bolsonaro;  suspender a avaliação da alfabetização dos estudantes por dois anos; afirmar que a universidade não é para todos e defender que 1964 não foi golpe. Velés  foi substituído por Abraham Weintraub.

Um levantamento feito pelo site Nexo, no mês de março de 2019, conseguiu encontrar, ao menos, 22 erros que iam desde livros que não haviam sido escritos por Véles, até citações fora do padrão exigido. O currículo lattes do ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, continha equívocos que diziam respeito à produção bibliográfica listada.

 

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